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Cometa 3I/Atlas, mais velho que o Sistema Solar, é observado perto de Marte

Cometa 3I/Atlas é o terceiro cometa interestelar já visto, atrás apenas do o 1I/ʻOumuamua  em 2017 e o 2I/Borisov em 2019

Em 3 de outubro, o ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) da ESA voltou seus olhos para o cometa interestelar 3I/Atlas enquanto ele passava perto de Marte

Mais velho que o Sistema Solar, o cometa 3I/Atlas foi observado entre 1° e 7 de outubro pelas naves ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) e Mars Express da ESA enquanto passava perto de Marte. O ‘intruso’ interestelar foi visto durante a aproximação máxima ao Planeta Vermelho em 3 outubro, quando estava a 30 milhões de quilômetros dele.

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A princípio, o cometa é observado sem a cauda, mas os cientistas acreditam que ela pode se tornar mais visível em observações futuras à medida que o cometa continua a aquecer e liberar mais gás. As imagens registradas pelo ExoMars TGO mostram o cometa como um ponto branco ligeiramente difuso movendo-se para baixo próximo ao centro da imagem.

A partir do registro, é possível observar o centro do cometa e compreender o seu núcleo rochoso e gelado e a cabeleira circundante. Esta última é criada à medida que o 3I/Atlas se aproxima do Sol.

O calor e a radiação dão vida ao cometa, o que faz com que ele libere gás e poeira, que se acumulam como um halo ao redor do núcleo. É comum que o material da cabeleira se arraste para uma longa cauda, que pode atingir milhões de quilômetros à medida que o cometa se aproxima do Sol.

Apesar disso, a cauda ainda não é visível nas imagens do CaSSIS. Nick Thomas, pesquisador principal da câmera CaSSIS, explica: “Esta foi uma observação muito desafiadora para o instrumento. O cometa é cerca de 10.000 a 100.000 vezes mais fraco do que o nosso alvo habitual.”

De acordo com a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (Nasa), observações até 20 de agosto de 2025 indicam que o limite superior de seu diâmetro é de 5,6 quilômetros, embora possa ter apenas 440 metros de diâmetro.

No entanto, o tamanho e as propriedades físicas do cometa interestelar ainda estão sendo investigadas por astrônomos ao redor do mundo.

Forasteiro no Sistema Solar

‘Intruso’, o cometa 3I/Atlas é originário de fora do Sistema Solar. O astro é apenas o terceiro cometa interestelar já visto, atrás apenas do o 1I/ʻOumuamua  em 2017 e  o 2I/Borisov  em 2019, de acordo com a Agência Espacial Europeia.

O 3I/Atlas foi avistado pela primeira vez em 1° de julho de 2025 pelo telescópio ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), em Río Hurtado, no Chile. Desde então, astrônomos têm usado telescópios terrestres e espaciais para monitorar o progresso do ‘cometa forasteiro’ e descobrir mais sobre ele.

A partir da trajetória do astro, os astrônomos acreditam que o 3I/Atlas possa ser o cometa mais antigo já observado. Ele pode ser três bilhões de anos mais velho que o Sistema Solar, que já tem 4,6 bilhões de anos.

Considerado um astro “absolutamente estranho”, os cometas interestelares são verdadeiros forasteiros e carregam pistas sobre a formação de mundos muito além do Sistema Solar, ou da Via Lactea.

Ameaça à Terra?

Embora seja um cometa forasteiro, o astro não represente nenhuma ameaça à Terra e permanecerá distante. De acordo com a Nasa, o mais próximo que o 3I/Atlas se aproximará da terra é cerca de 1,8 unidades astronômicas ou 270 milhões de quilômetros.

O astro atingirá o ponto mais próximo do Sol por volta de 30 de outubro de 2025, quando ficará a uma distância de cerca de 1,4 UA ou 210 milhões de quilômetros), logo dentro da órbita de Marte.

Como o cometa recebeu foi nomeado?

Os cometas são nomeados como uma referência a quem o descobriu e, neste caso, a equipe de pesquisa do Atlas. A letra “I” indica interstelar, ou seja, um forasteiro, formado além do Sistema Solar. O astro é ainda o terceiro objeto interestelar conhecido, daí o numeral 3 no nome.

(Sob supervisão de Edu Oliveira)

Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas