Ouvindo...

Pesquisa aponta que plantio com cápsulas de sementes de árvores é mais eficiente que plantio direto

Estudo usou espécies importantes para o Cerrado: baru, angico-branco e tamboril

No caso do baru, a taxa de germinação com a cápsula se aproximou de 100%, enquanto na semeadura direta foi de apenas 15%

O uso de cápsulas biodegradáveis, feitas a partir de papelão, aumenta as chances de germinação das sementes de três espécies de árvores típicas do Cerrado: baru, angico-branco e tamboril. Essas espécies têm importância cultural, alimentar e ecológica no bioma, e a novidade pode trazer avanços para programas de restauração de áreas degradadas.

A pesquisa que envolve as cápsulas de papelão biodegradáveis foi desenvolvida por pesquisadores das universidades federais de Jataí (UFJ), em Goiás, e de Rondonópolis (UFR), no Mato Grosso. As espécies contempladas por ela são especiais para a região de Cerrado. O baru produz a oleaginosa conhecida como castanha de baru, rica em nutrientes. Já o angico-branco e o tamboril têm partes utilizadas em preparos terapêuticos, como infusões.

Leia também

Os experimentos foram conduzidos ao longo de quatro meses em uma estufa do Centro Universitário de Mineiros, em Goiânia, para testar as diferenças entre o uso de cápsulas e a semeadura direta. Em cada amostra, a equipe depositou duas sementes de cada espécie. No caso do baru, por exemplo, a taxa de germinação com a cápsula se aproximou de 100%, enquanto na semeadura direta foi de apenas 15%. O mesmo ocorreu com o angico-branco, cuja taxa com a proteção foi de 42% em comparação aos 21% da semeadura direta, e com o tamboril, que registrou taxa de 12% versus 8%.

A cápsula, desenvolvida a partir de papelão utilizado como embalagem de ovos, garante proteção das sementes no solo contra animais herbívoros, além de aumentar a retenção de umidade, garantindo conforto térmico às sementes. A semeadura direta só pode ser bem-sucedida quando diferentes fatores, como o uso de tecnologias e práticas agrícolas adequadas, melhoram a germinação das sementes

Como próximos passos, os pesquisadores pretendem avaliar o crescimento e a sobrevivência das plantas recém-germinadas em campo, além de realizar uma análise detalhada dos custos financeiros envolvidos. Eles também pretendem implementar a metodologia em áreas de difícil acesso para monitorar o crescimento das plantas e avaliar a eficácia do processo em outras condições ambientais.

*Sob supervisão de Lucas Borges


Participe dos canais da Itatiaia:

Paula Arantes é estudante de jornalismo e estagiária do jornalismo digital da Itatiaia.