Empreender nunca foi fácil, mas a ascensão da inteligência artificial mudou, de vez, as regras do jogo. As novas tecnologias abriram possibilidades para modelos de negócio inéditos, ao mesmo tempo em que trouxeram diferentes desafios para quem empreende na área. Esse foi o ponto de partida do painel “I.A. na Veia do Empreendedorismo”, realizado durante a última edição do Órbi de Portas Abertas, evento mensal e gratuito do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) Órbi Conecta, voltado à inovação, educação e impacto.
O debate foi mediado por Leo Mack, co-fundador e COO da
Durante o painel, os empreendedores compartilharam exemplos de como a IA está redefinindo o que significa empreender: desde a automatização de tarefas, passando pelo suporte a decisões estratégicas, até a inspiração de novos produtos e formas de pensar o negócio. Na IVIjur, por exemplo, a IA transformou completamente a comunicação nas redes sociais. Marcela Carvalho contou que incentivou o time a explorar a tecnologia para ampliar o alcance da marca de forma criativa e acessível. “Fizemos uma campanha inspirada na personagem fictícia Marisa Maiô, que viralizou na internet, e criamos com IA o nosso próprio talk show. Resultado: mil novos seguidores com zero reais investidos”, destacou.
Julio Martins também compartilhou como nasceu a Algoritmus, uma plataforma nativa em IA que ele desenvolveu praticamente sozinho, com o apoio da própria inteligência artificial. “Minha formação é em engenharia de produção e eu não sou desenvolvedor. Mas, com o suporte da IA, consegui criar uma plataforma que hoje é um case de sucesso, com clientes relevantes e resultados concretos”, contou.
Luis Martins comentou o case da Algoritmus, lembrando que essa possibilidade de ser, literalmente, “uma empresa de uma pessoa só” é um ganho trazido pela inteligência artificial. Ao mesmo tempo, ele frisou que o caminho para quem empreende com tecnologias avançadas, como é o caso da Daosfera, está longe de ser simples.
“Empreender no Brasil já é mais difícil do que o normal e no nosso caso de alta tecnologia é ainda mais desafiador. Na Dadosfera buscamos nos cercar de bons conselheiros, construir cases de sucesso e, aos poucos, pavimentar a jornada. Foi um processo longo e tivemos que buscar suporte nos Estados Unidos, porque quem trabalha com IA de alta tecnologia precisa pensar em internacionalização desde o início”, afirmou.
Pedro Israel também reconheceu os desafios que a inteligência artificial impõe ao empreendedorismo, mas deixou uma mensagem otimista para a plateia formada por estudantes e empreendedores. Para ele, o segredo está em começar, ainda que pequeno. “Se você quer aprender mais sobre um tema ou testar uma ideia, comece com projetos simples, converse com quem já fez, assista a conteúdos sobre o assunto. Ficar apenas na parte teórica não adianta: é na prática, experimentando, que a gente realmente aprende”, aconselhou.
Fumaça ou fogo?
O mediador Leo Mack também fez uma provocação aos painelistas, lembrando que, num contexto de boom da IA, “o desafio atual é separar a fumaça do fogo”, entendendo o que é inovação real e o que é apenas entusiasmo de mercado. Diante disso, ele convidou os empreendedores a compartilharem como eles se guiam para reconhecer as ferramentas que têm potencial concreto de transformação dos negócios.
Marcela Carvalho, destacou que o fator decisivo nessa diferenciação é quanto a tecnologia adotada está associada à dor que se pretende resolver. “Você precisa saber se ela realmente resolve o problema”, disse. Júlio Martins trouxe a mesma percepção, lembrando que o empreendedor precisa “definir o que é sucesso para o seu negócio”.
Já Pedro Israel, acredita que uma forma de não se perder nessa busca de ferramentas é começar com modéstia, ir conhecendo aos poucos, sem se afobar com uma super IA. “Começe com um prompt pequeno, se der certo você complica um pouco mais”, aconselhou.
Luís Martins, por outro lado, lembrou que é essencial entender que toda nova tecnologia tem um caminho previsível de amadurecimento. “Cada nova onda passa pelo Ciclo de Hype da Gartner: começa com grandes expectativas, atravessa uma fase de desilusão e só depois alcança o estágio de produtividade, quando as aplicações se tornam concretas e entregam valor real”, destacou o CEO da Dadosfera.
O Órbi de Portas Abertas oferece, gratuitamente, conversas profundas e trocas de experiências uma vez por mês, no Órbi Conecta, que fica na Avenida Antônio Carlos, bairro Lagoinha, em Belo Horizonte. Esse é um dia que o coworking é aberto para quem tem interesse em passar um dia de trabalho ali e, ainda, realizar networking. Para saber mais, basta acompanhar a agenda, no site