Amigas e amigos do Agro!
O agronegócio brasileiro vai fechando 2025 com recordes de produção e exportação, porém com incertezas diante da nova geopolítica que vai se apresentando e espalhando insegurança nas diversas regiões do mundo.
O Brasil é um país privilegiado pela sua extensão territorial, por ter um clima tropical, a maior floresta do mundo, maior bacia hidrográfica e o mais importante nesse momento que é a capacidade única de produzir energia limpa nas mais diversas formas.
Por isso, precisamos criar uma cultura uniforme para que possamos explorar o que de mais rico temos, e o restante do mundo pouco tem, aproveitando também para abastecer a mesa do brasileiro e continuar sendo o supermercado do mundo na produção de alimentos.
O Brasil vai entrar em 2026 enfrentando novos ajustes na economia agrícola internacional e sentindo claramente que no comércio mundial não existem amigos e “companheiros”, e que o predominante é um bom relacionamento diplomático e capacidade de produzir e oferecer os alimentos que o mundo precisa.
Petróleo, energia verde, terras raras fazem parte do interesse tecnológico do planeta e são de extrema importância. Só que, sem alimento na mesa não tem governo que resista a pressão da barriga vazia. E o alimento é o principal objetivo de qualquer governante em qualquer canto do mundo.
E o Brasil mesmo tendo outras variantes de interesse mundial deve ficar atento aos últimos acontecimentos no mercado agrícola.
No caso da soja, o grão de ouro brasileiro, somos os maiores exportadores para a China. Só que nos últimos 2 meses os chineses deram uma investida na soja argentina e fizeram novos acordos com os Estados Unidos. E, como fica em 2026?
A carne bovina teve recentemente um contratempo com a China, por causa da detecção de um carrapaticida usado sem cumprir o prazo de carência.
Os chineses adiaram para o dia 26 de janeiro o resultado final da investigação do excesso praticado pelo seu mercado importador de carne, que poderia estar trazendo prejuízos para os pecuaristas locais.
Agora, bem ás vésperas de assinar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, marcado para o dia 20 em Foz do Iguaçu-PR, França, Irlanda e Reino Unido (que não faz parte do bloco) recolheram um lote de carne bovina brasileira detectado com vestígios de um hormônio usado na inseminação artificial de vacas que não teve o prazo de carência cumprido.
Antes da assinatura oficial do acordo entre Lula, o atual presidente do Mercosul e a presidente da União Europeia, Ursula Von Der Leyen, têm uma outra reunião do Parlamento, em Bruxelas, para discutirem o assunto.
A pressão dos agropecuaristas na Europa é muito forte, deixando os deputados da União Europeia encurralados. Lá, como aqui, os deputados dependem de voto na eleição seguinte.
Os deputados podem incluir no acordo comercial uma trava de segurança, que seria obrigar o Brasil a seguir as normas ambientais europeias para a entrada de produtos agrícolas no velho continente.
Na verdade, o acordo pode ser assinado, entretanto, sem se saber quando o comércio entre os blocos vai começar dentro das novas normas.
Tilápia
Para encerrar, voltamos ao mercado da tilápia. A insegurança para o produtor brasileiro diante de questões ambientais, que temporariamente, estão suspensas, tem novidade.
O governo do Paraguai, que incentiva a indústria e o agronegócio, anuncia um novo regime ambiental que libera a criação de tilápia no Lago de Itaipu, no lado paraguaio. A previsão local é de 400 mil toneladas ano, mais ou menos o que o Brasil produz anualmente.
E, no lado paraguaio, o produtor tem algumas vantagens interessantes, tal como o pagamento de no máximo 10% de impostos, segurança contra invasores que lá não existem.
E, se o produtor comprar uma máquina, um trator, uma camionete ou carro de passeio, ele tem o direto de abater o investimento no Imposto de Renda. Por isso, o Paraguai vai ganhando mercado internacional da soja, milho e devagar da carne bovina. Impossível competir com o Brasil, mas está crescendo.
Itatiaia Agora, Valdir Barbosa.