Disponível no Brasil a partir desta quinta-feira (13), o Bard, do Google, já pode ser testado pelos brasileiros. Concorrente direta do ChatGPT, a ferramenta já está em português e é mais uma opção de robô conversador que pode ajudar na escrita de e-mails, em estudos de diferentes disciplinas e até na programação de software.
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O Google diz que levou três meses para estrear no Brasil porque adota uma abordagem “ousada e responsável” com a inteligência artificial generativa. Leonardo Longo, gerente de marketing de produto do Google para a América Latina, diz que, nesse período, a companhia treinou o sistema em português brasileiro com “grupos especializados em termos específicos, para garantir que as respostas tenham representatividade”.
A empresa nega a relação, mas países que discutiam legislações de internet (como o Brasil e as 27 nações da União Europeia) tiveram de esperar mais pelo lançamento oficial do serviço — Reino Unido, EUA e mais de 170 outros países o receberam há três meses. Pode ser apenas coincidência.
O Google reforça que o Bard é experimental. Segundo a empresa, ele pode apresentar “alucinações” — ou seja, respostas que não fazem sentido, com informação incorreta ou que contenham vieses ou preconceitos. “O Bard é ainda um exercício experimental e pode dar respostas incorretas ou impróprias”, alerta na página dedicada à ferramenta.
O que o Bard faz?
Basicamente, o mesmo que o ChatGPT. Para testar o Bard, disponível em bard.google.com, o usuário deve ter uma conta no Google. Na página do serviço, há uma barra para a inserção de perguntas. Vale lembrar que o sistema foi treinado com conteúdo público disponível na internet e responde com base nesse material — o que quer dizer que erros e desinformação podem acompanhar a resposta.
É preciso ter em mente que a ferramenta não é um modo diferente de o Google mostrar resultados de busca: ele é um recurso complementar. As respostas sempre vêm acompanhadas da opção de pesquisar no Google e, se perguntado, o sistema informa as fontes usadas nos resultados.
Para quem preferir, o Bard pode ler respostas em voz alta (a voz é feminina e o sotaque é de português de Portugal). Para isso, basta clicar no ícone de caixa de som quando o serviço responder a uma pergunta. A opção pode ser útil para saber a pronúncia de uma palavra em outro idioma, por exemplo.
Uma função que já foi anunciada pelo Google, mas ainda não está disponível no Brasil, é a integração com o Google Lens. Ela vai permitir, por exemplo, apresentar uma imagem ao Bard e pedir uma legenda para ela. Outra opção poderá ser inserir a foto de uma planta ou de um objeto para saber mais sobre ele.
Vale lembrar que, ao usar o Bard gratuitamente (assim como já ocorre no ChatGPT), o usuário está participando do treinamento da ferramenta. Para quem tem conta no Google e usa diversos de seus produtos, isso significa conceder ainda mais informações pessoais e comportamentais à empresa.
Quer exemplos?
No e-mail enviado aos usuários do Gmail, o Bard é descrito como um “ajudante criativo e útil, disponível para dar asas à sua imaginação, impulsionar a sua produtividade e dar vida às suas ideias”. As possibilidades são inúmeras: nos estudos, por exemplo, ele pode resumir materiais, adaptar textos para normas acadêmicas, informar sobre acontecimentos históricos, comentar aspectos geopolíticos e assim por diante.
Em um cenário técnico, a ferramenta é capaz de escrever pequenos programas em diferentes linguagens de programação. Já para quem vai viajar, ela pode recomendar atividades na localidade visitada. E quem está sem ideias para e-mails de diferentes temas pode recorrer a ela para sugestões.
O sistema pode, ainda, dar dicas da melhor forma de usá-lo. Ele destaca que ainda está em desenvolvimento, não é perfeito e pode cometer erros. “Bard não é uma pessoa e não tem sentimentos ou emoções”, diz. “Suas respostas são baseadas nos dados em que foi treinado.”
Além disso, aponta que a ferramenta não deve ser usada para fins maliciosos, como a disseminação de desinformação. “Bard deve ser usado com responsabilidade. Cabe a nós garantir que Bard seja usado para o bem.”