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CEO da Uber atua como motorista do serviço e reclama do app

Em publicação no Twitter, motoristas reclamam de condições da plataforma

Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, atuou como motorista da plataforma

Um Tesla Y usado foi o veículo escolhido por Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, para testar a experiência de ser motorista de passageiros em São Francisco, na Califórnia (EUA). A ação é parte do “Projeto Boomerang”, ação da empresa para melhorar o trabalho dos motoristas. A iniciativa começou depois que a companhia notou escassez de colaboradores após a pandemia.

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Em entrevista ao The Wall Street Journal (WSJ), Khosrowshahi conta que a experiência começou em setembro de 2021 e que ele usou o pseudônimo “Dave K”. Naquele momento, com a retomada da economia após a pandemia de covid-19, a plataforma passou a ter mais demanda de passageiros do que de motoristas pela primeira vez. O executivo, então, percebeu que a melhor maneira de entender a dificuldade da empresa de atrair motoristas era se tornar um.

Khosrowshahi fez 100 viagens como Dave K. “Toda a experiência foi bastante desajeitada. Acho que a indústria como um todo, até certo ponto, não dá valor aos motoristas”, avalia. Ele percebeu que o aplicativo é pouco atraente para os motoristas e vivenciou várias dificuldades. Começa com a dificuldade na navegação para se inscrever na Uber e continua com:

  • gorjetas insuficientes;

  • punição por rejeitar viagens sem informação do destino ou do valor da tarifa;

  • dificuldade para navegar no app durante a transição entre viagens;

  • trânsito e tarifas baixas em horários de pico;

  • medo de a nota cair após uma noite em que não trabalhou por se sentir inseguro.

Ao WSJ, ele conta que seus meses como motorista fizeram a Uber promover a maior mudança em seu modelo de negócio. Os motoristas passaram a saber o valor da tarifa e o destino da viagem antecipadamente. Até então, apenas a quilometragem era exibida.

Segundo a empresa, o esforço para melhorar a experiência dos motoristas deve continuar. Outras mudanças já adotadas incluem:

  • reserva de US$ 250 milhões para oferecer bônus em ações no app;

  • proibição de alteração do valor da gorjeta após a viagem;

  • implantação de processo de inscrição único na Uber (para carona ou para entregas).

As mudanças, entretanto, parecem não ter sido suficientes. “Sua equipe de suporte é a entidade menos solidária com quem já lidei. Fui desativado por cinco dias recentemente porque ninguém quis usar 5 ou 10 minutos para resolver um problema. Com isso, perdi salários e atrasei contas. Então, comece a olhar os salários”, diz Tony Wolfe em um comentário no Twitter.

Já o motorista Gary Nelson, que trabalha meio período na plataforma, diz que as metas de fim de semana desanimam em vez de incentivar. Segundo ele, a tarifa dinâmica — quando há aumento na procura, o sistema ajusta os preços — continua a não ser calculada corretamente. “Quando procuro a equipe de atendimento, recebo uma resposta automática”, aponta.