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54% das empresas têm dificuldade para contratar mulheres

Estudo indica que falta de qualificação em tecnologia é o maior empecilho

Contratação de mulheres em tecnologia esbarra em dificuldades

Falta de qualificação (55%), ausência de habilidades técnicas (54%), qualificação em soft skills (42%), desistência do processo seletivo (36%) e falta de salários e benefícios competitivos (32%) são as principais dificuldades encontradas por empresas que buscam contratar profissionais que se identificam como mulheres. Esses dados são da 8ª edição do Tech Jobs Report, da Gama Academy.

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O levantamento foi realizado em dezembro e teve mais de mil participantes, entre profissionais e empresas. Guilherme Junqueira, CEO da Gama Academy, destaca que muitas empresas têm programas de seleção, treinamento e contratação exclusivo para mulheres na tentativa de ampliar a participação feminina no mercado. A Gama Academy ouviu empresas de diversas áreas, o que revela que o desafio de incluir mulheres não é exclusivo do setor tecnológico.

Para Junqueira, ainda há muito a avançar na formação técnica e no acesso das mulheres “tanto ao mercado de trabalho quanto às oportunidades de treinamento”. Uma das possíveis soluções é fomentar a participação feminina no mercado de tecnologia — isso inclui cursos de capacitação e oportunidades de estágio e de emprego, entre outros.

O executivo aponta que é preciso haver um engajamento maior de todo o mercado para estimular iniciativas que promovam a inclusão dessas profissionais. “Uma atuação proativa serve não só para incluir mais mulheres no setor, mas também para fomentar o mercado, cuja demanda por profissionais ainda é enorme e deve seguir em crescimento nos próximos anos.”

Trabalho remoto

O relatório indica, ainda, que o modelo de trabalho remoto é desejado por 75% dos entrevistados, enquanto 18% preferem o híbrido e 7% o presencial. Atualmente, 62% dos respondentes atuam de forma remota, 25% presencial e 14% em esquema híbrido. Entre os segmentos pesquisados, 36% são relacionados a tecnologia, 11% a prestação de serviço, 9% a finanças, 8% a educação, 8% a varejo ou e-commerce, 6% a indústria, 6% a saúde e 16% a outros.

Junqueira lembra que o Brasil não tem historicamente uma cultura de trabalho flexível, mas, nos últimos anos, isso mudou bastante. “E é na área de tecnologia que percebemos as maiores transformações em relação ao trabalho remoto”, aponta. “O levantamento revela não só um interesse dos profissionais, mas maior abertura das empresas a essa opção.”

Ele diz que o interesse pelo trabalho remoto tem relação com as vantagens que a modalidade proporciona. “Esse modelo traz mais flexibilidade, reduz o tempo no trânsito e permite que os profissionais realizem outras atividades de lazer ou passem mais tempo com a família. Tudo isso afeta diretamente a qualidade de vida e o desempenho no ambiente de trabalho.”

Isso explica o fato de 37% das pessoas que trabalham atualmente em modelo presencial ou híbrido dizerem que trocariam de emprego para uma oportunidade remota, mesmo sem aumento salarial. “O setor de tecnologia cresceu exponencialmente ao longo dos últimos anos, sendo um dos mercados mais disputados na atualidade”, finaliza.