Uma jovem iraniana que deixou de usar o hijab — o véu exigido pela lei local para as cidadãs — no local de trabalho foi identificada como infratora da lei local. Em dezembro, ela foi identificada sem a peça em público por câmeras de
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A mulher foi vista no parque de diversões Sarzamineh Shadi (Terra da Felicidade), a leste da capital Teerã, onde trabalha. Depois que uma foto dela sem o acessório circulou nas redes sociais, o local foi fechado. Procuradores de Teerã teriam aberto uma investigação sobre o caso.
Em setembro de 2022, o governo iraniano anunciou que planejava usar reconhecimento facial em transportes públicos. O objetivo era justamente identificar mulheres que não cumprissem a lei que obriga o uso de hijab em locais públicos. A morte da jovem curda Mahsa Amini, de 22 anos, pela
Autoridades informam que a tecnologia deve ser usada para “identificar movimentos inapropriados e incomuns”, inclusive “falhas em cumprir as leis do hijab”. Os indivíduos podem ser reconhecidos a partir de um banco de dados nacional de identidades (que inclui dados biométricos como imagens da face) para receber multas ou ser presos.
A morte de Mahsa iniciou uma série de protestos, que resultaram em mais de 19 mil prisões e mais de 500 mortes. Muitos dos participantes são procuradas pela polícia dias depois dos incidentes — inclusive mulheres citadas por não usar o hijab.
Críticos do regime temem que o reconhecimento facial já esteja em uso para reprimir. Eles avaliam que esse seja talvez a primeira vez que um governo usa reconhecimento facial para impor lei de
Cathryn Grothe, analista de pesquisia na Freedom House, uma ONG americana dedicada a direitos humanos, diz que tem recebido relatos de usuários que usam plataformas online para se organizar que dizem ter sido reconhecidos por autoridades offline. O governo do Irã monitora redes sociais há anos para identificar oponentes.
O reconhecimento facial se tornou uma ferramenta desejada por regimes autoritários de todo o mundo. Embora muitos não tenham a infraestrutura necessária, a possibilidade de suprimir dissidentes os atrai. “O Irã tem tanto o desejo governamental quanto a capacidade física” aponta ela.