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Biometria facial e reconhecimento facial: qual a diferença?

Cada vez mais presente no dia a dia, método de identificação tem vantagens e desvantagens

A biometria facial identifica pontos do rosto para que ele seja identificado por reconhecimento facial

A biometria facial é a tecnologia que permite identificar alguém a partir do mapeamento matemático dos traços do rosto. É como uma impressão digital: cada indivíduo tem uma biometria facial única. No rosto humano, é possível identificar cerca de 80 pontos nodais que permitem medir variáveis como comprimento ou largura do nariz, distância entre os olhos, espessura dos lábios, tamanho da mandíbula e assim por diante.

A partir do registro e da codificação dessas características, determina-se a identidade do indivíduo com base na análise da face. Com isso, basta ter uma câmera, que vai capturar o rosto e suas informações, e um algoritmo adequado para validar a identidade de forma rápida e prática. E o sistema funciona mesmo quando há alteração no visual do indivíduo, como um corte de cabelo, uma maquiagem diferenciada ou até uma barba.

Ao mapear a face de um indivíduo, alguns aspectos são detectados:

  • cicatrizes e marcas diversas;

  • distâncias entre os pontos do rosto (do nariz aos olhos, da boca ao queixo, dos olhos às sobrancelhas e por aí vai);

  • contorno da face;

  • formato da extremidade do rosto.

A partir de informações geométricas e logarítmicas que identificam as características únicas daquele indivíduo, o sistema cria uma imagem tridimensional e a transforma em uma sequência de números — chamada de impressão facial. É ela que é armazenada como biometria facial. A biometria facial é considerada a mais natural: basta pensar que, no dia a dia, reconhecemos uns aos outros pelo rosto, e não por impressões digitais ou pela íris.

Aí entra o reconhecimento facial: um sistema que compara os dados da biometria facial com um rosto real, estabelece o nível de similaridade entre eles e determina a probabilidade de ser a mesma pessoa. Assim, ele confirma uma identidade pelo rosto e pode ser usado para detectar indivíduos em fotos, vídeos ou tempo real — e eles podem estar sozinho ou em meio a uma multidão, tanto de frente quanto de perfil.

Para isso, o software analisa a geometria do rosto. Os principais fatores examinados são a distância entre os olhos, a profundidade das órbitas oculares, a distância entre a testa e o queixo, o formato da maçã do rosto e o contorno dos lábios, das orelhas e do queixo. Esses são os pontos de referência faciais principais que distinguem um rosto.

A polícia federal americana (Federal Bureau of Investigation - FBI) tem acesso a cerca de 650 milhões de fotos, vindas de vários bancos de dados estaduais. No Facebook, sempre que uma foto é marcada com o nome de alguém, ela se torna parte do banco de dados da plataforma — e pode ser usada para reconhecimento facial. Estima-se que mais da metade da população mundial passa por reconhecimento facial regularmente.

Existem soluções que têm recursos de prova da vida. Elas exigem movimentação por parte do usuário para que os sensores biométricos identifiquem se é de fato um indivíduo vivo, não uma foto. Essa funcionalidade garante resultados mais precisos em relação à validação da identidade do usuário.

No dia a dia

O reconhecimento facial ganhou destaque para uso cotidiano com sua inclusão como opção para desbloqueio do iPhone — que ganhou o nome de Face ID. Além disso, é usado na correspondência entre rostos de pessoas que passam por câmeras especiais com imagens de pessoas em listas de observação, que podem ter imagens até de pessoas que não são suspeitas de irregularidades.

O uso de biometria e reconhecimento facial ajuda a aumentar a segurança nos mais diversos processos. Com isso, há redução em fraudes de identidade e golpes que usam informações alheias — um usuário não é aceito com dados de outro ou documento falso, por exemplo. Algumas situações de uso incluem:

Segurança pública

A partir de uma base de dados completa é possível identificar e localizar criminosos e procurados da Justiça, como devedores de pensão alimentícia, por exemplo.

Prevenção a fraudes

O sistema dificulta a prática de fraude de identidade, já que sua exatidão elimina a necessidade de documentos em papel.

Busca de desaparecidos

Desaparecidos e vítimas de tráfico humano podem ser encontrados a partir do reconhecimento facial. A partir do cadastramento em bancos de dados, a polícia pode ser alertada sempre que forem identificados em aeroportos, estabelecimentos comerciais ou outros espaços públicos.

Praticidade em transações

Um estudo da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) aponta que, só em 2020, houve aumento de 80% nas tentativas de fraude em instituições financeiras. Muitas delas já adotam o reconhecimento facial. Há até caixas eletrônicos com a tecnologia.

Monitoramento de presença

Algumas instituições educacionais já usam reconhecimento facial para acompanhar a frequência dos alunos às aulas. A tecnologia pode ser usada, ainda, para que o rastreamento do acesso de funcionários na entrada e na saída do local de trabalho.

Gerenciamento de acessos

Com o reconhecimento facial, é possível garantir que apenas pessoas autorizadas tenham acesso a determinados locais, como salas de reuniões, centros de treinamentos, laboratórios e cofres. O mesmo vale para a segurança em condomínios, já que a busca por segurança para a moradia é constante.

Gestão de recursos humanos

A adoção de um sistema de ponto por reconhecimento facial facilita os processos de recursos humanos e fornece dados para melhorar a experiência e a segurança dos colaboradores.

Controle de fronteiras

Cada vez mais passageiros usam passaportes biométricos, com os quais podem evitar filas longas ao passar por controle automatizado de passaporte eletrônico. Além de reduzir o tempo, ajudar a reforçar a segurança. O Departamento de Segurança Interna dos EUA prevê que o reconhecimento facial será usado por 97% dos passageiros até 2023.

Precisão e agilidade

Ao aliar a análise de características únicas de cada indivíduo com tecnologias de inteligência artificial, o reconhecimento facial é cada vez mais preciso e ágil. Um estudo do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (Centre for Strategic and International Studies – CSIS), indica que os sistemas estão próximos da precisão absoluta: são 99.97% quando em condições ideais — ou seja, testadas em laboratório.

Experiência do usuário

As soluções atuais de reconhecimento facial utilizam ferramentas que otimizam a experiência durante a identificação de forma a tornar a experiência mais fluida. Além disso, as lojas podem reconhecer clientes, fazer sugestões de produtos e direcioná-los ao lugar certo. Na hora de pagar, a tecnologia ajuda a evitar filas longas.

Desvantagens do reconhecimento facial

Assim como toda tecnologia, o reconhecimento facial também tem desvantagens. Isso atinge, principalmente, o público que, muitas vezes, não se sente confortável com a experiência. Veja a seguir as principais desvantagens de um sistema do tipo.

Restringe a liberdade individual

Muitos usuários não veem motivo para o uso da tecnologia. É o caso, por exemplo, de serviços que não dependem dessa identificação para operar e, consequentemente, não têm motivo para exigir o reconhecimento facial dos clientes. A tecnologia de reconhecimento facial possibilita que órgãos do governo rastreiem criminosos, mas também permite que cidadãos comuns sejam constantemente observados.

Viola a privacidade do cidadão

Quando o indivíduo não é notificado sobre a captura e o uso de sua imagem nem autoriza a ação, o uso de reconhecimento facial viola sua privacidade. Quem usa essas ferramentas deve seguir a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD): isso inclui obter o consentimento do usuário e explicar por que a informação é necessária.

Está sujeito a erros

Embora a técnica esteja cada vez mais precisa, os erros existem. E eles podem impedir que um cidadão se cadastre em um serviço, fazer que ele tenha seus acessos bloqueados ou permitir que seja suspeito de crimes que não cometeu, entre outros. Por isso, a tecnologia não deve ser usada como única forma de identificação e validação de identidade.

Apesar dos inconvenientes, esses sistemas são práticos e difíceis de serem clonados. Para o futuro, o desafio é aumentar os benefícios da tecnologia e, ao mesmo tempo, reduzir os riscos relacionados.