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Dispositivo com inteligência artificial ajuda cegos a lerem

Tecnologia israelense transforma texto em áudio

Dispositivo pode ser acoplado a qualquer armação de óculos

Uma tecnologia criada em Israel que transforma texto (de livros ou de outras superfícies, como cardápios) em voz é um dos acessórios auxiliares para indivíduos cegos ou com baixa visão. Chamados Orcam MyEye, os dispositivos lançados em 2015 pela Orcam usam inteligência artificial e não precisam de conexão à internet.

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Com apenas 22 g, o acessório é do tamanho de um dedo e pode ser conectado a qualquer armação de óculos. Basta apontar onde quer que ele faça a leitura para que o sensor óptico da câmera de 13 megapixels capture a imagem e a inteligência artificial a converta em áudio. Em seguida, o texto é liberado em um pequeno alto-falante localizado acima do ouvido.

O produto chegou ao Brasil em 2018 com o auxílio da Mais Autonomia , empresa do segmento de tecnologia assistiva. Doron Sadka, diretor da companhia, conheceu o dispositivo quando viajou para Israel e decidiu importá-lo com o sistema adaptado em três idiomas: português, inglês e espanhol.

Desde então, as 54 bibliotecas da Coordenação do Sistema de Bibliotecas, além da Biblioteca Mário de Andrade (BMA) e do Centro Cultural São Paulo (CCSP), têm uma unidade do acessório para auxiliar a leitura. Agora, mais 60 exemplares à cidade e a primeira entrega, de cinco itens, foi para a BMA.

Aline Torres, secretária de Cultura de São Paulo, diz que a tecnologia é revolucionária porque permite que quem antes não tinha acesso à leitura possa ler o livro que quiser e usufruir do vasto acervo das bibliotecas da cidade. “Um único par de óculos é capaz de abrir as portas de milhares de mundos diferentes”, afirma.

Um relatório de maio deste ano da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) aponta a falta de acesso a tecnologias assistivas. Segundo o documento, mais de 2,5 bilhões de pessoas no mundo precisam de um ou mais acessórios assistivos, mas quase um bilhão delas não tem acesso, principalmente em países de baixa e média renda.

Sadka aponta que Israel, França e Alemanha têm políticas de subsídio para tecnologia assistiva, mas o Brasil ainda não. “Então, comecei a entrar em contato com governadores, prefeitos e reitores de universidades para explicar como era o dispositivo”, lembra. Como a Mais Autonomia é a única representante do aparelho no país, a lei permite que ele seja comprado sem necessidade de licitação. O custo das 60 unidades foi de R$ 849 mil.