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Pesquisa quer mapear população de quatis em BH; levantamento depende de aval ambiental

Moradores relatam aumento de quatis perto do Parque Aggeo Pio Sobrinho, na região Oeste da capital, e os transtornos causados pelos animais

Quatis invadem cestas de lixo no bairro Buritis, na região Oeste da capital

Avistar quatis pelas ruas de Belo Horizonte, sobretudo em bairros que ficam próximos a parques e reservas, tem se tornado cada vez mais comum. Pode ser uma surpresa simpática — pois são bichos fofinhos —, mas pode trazer incômodo aos moradores - já que eles adoram revirar lixeiras.

Para entender melhor a presença dos animais, a prefeitura planeja um estudo sobre a população de quatis na capital, que ainda depende de licenças ambientais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

No bairro Buritis, na região Oeste, moradores acreditam que a população de quatis aumentou. O psicólogo e professor Jean Schucko, de 58 anos, mora no bairro há quase duas décadas e, há cerca de 10 anos, vive na Rua Pedro Natalício de Morais, próxima ao Parque Aggeo Pio Sobrinho — área onde o problema com os animais é mais recorrente.

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Ele afirma que, há um ano, era possível ver apenas quatro ou seis quatis na rua. “Hoje nós temos uma população de mais de 30.”

Ele afirma ter entrado em contato com o parque e com a prefeitura, mas diz que nada foi resolvido. “Quando os quatis pulam a cerca do parque e vêm para a rua, atacam todas as lixeiras”, diz. No condomínio onde mora, foi preciso investir R$ 3 mil em uma lixeira maior e fechada para impedir o acesso dos animais. “A rua estava virando um verdadeiro chiqueiro”, reclama.

Mesmo assim, prédios vizinhos ainda têm lixeiras abertas, facilitando a ação dos quatis.

Além da sujeira, moradores temem pela segurança de crianças e animais de estimação. “Eles já atacaram pets pequenos e ficam mais agressivos quando estão comendo, podendo avançar também em crianças”, relata Schucko.

Riscos e comportamento dos quatis

O sargento dos bombeiros Allan Azevedo explica que os quatis podem se aproximar de forma agressiva para roubar comida. Segundo ele, podem morder ou arranhar, e isso aumenta o risco de transmissão de doenças tanto para humanos quanto para os próprios animais. Apesar disso, segundo a corporação, não houve chamados de resgate de quatis neste ano.

Os bombeiros lembram que os quatis são mamíferos onívoros, alimentando-se de itens de origem vegetal e animal. “Fêmeas e filhotes vivem em bandos de 8 a 15 indivíduos para oferecer mais segurança ao grupo em caso de ataque de outros animais (cachorro, gato, cobra...), enquanto machos adultos costumam ser solitários — chamados de ‘quatis mundéus’ — e só se aproximam de grupos na época de acasalamento.”

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Ele atribui o aparecimento dos animais ao avanço das construções em áreas de mata, como nas regiões de Nova Lima, Lagoa Santa e Casa Branca.

“Um dos motivos para a presença desses quatis próximos ao Buritis é justamente a proximidade do bairro com áreas verdes. O Buritis concentra muitos parques, e o descarte de alimentos por frequentadores acaba atraindo ainda mais esses animais”, explicou.

O que diz a Prefeitura

A prefeitura afirma que mais avistamentos não significam necessariamente aumento da população. “O quati é uma espécie nativa de Belo Horizonte, não se restringindo ao Buritis. Eles não entendem os limites dos parques e circulam livremente em busca de alimento”, informou em nota.

Enquanto o estudo não é feito, a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, junto com a Subsecretaria de Fiscalização, realiza ações de educação ambiental e orienta moradores a não alimentar os animais, não deixar ração exposta, colocar o lixo para coleta nos dias e horários corretos e adaptar lixeiras para impedir o acesso dos quatis.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.