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Pai de mulher atingida por concreto em BH rebate versão e diz que agressor mirou no carro

Suspeito alega ‘legítima defesa’ ao confessar arremesso de bloco em briga de rua à PM; vítima fez cirurgia de reconstrução de seis horas

Teto de carro é destruído após queda de concreto em viaduto da Lagoinha

O pai da fisioterapeuta Laura de Carvalho Moreira, de 39 anos — atingida por um tijolo revestido com concreto no Complexo da Lagoinha, em Belo Horizonte —, Luís Eustáquio Moreira, diz que o fato de a filha estar viva é “um verdadeiro milagre”. Muito abalado, ele cobra justiça e critica o fato de o suspeito acumular mais de 30 passagens pela polícia.

“Ele tem mais de 30 delitos. É perigosíssimo. Mas graças a Deus a minha filha escapou, viu? Milagrosamente. Foi um milagre, milagre, milagre, milagre, milagre. A pedra estourou em cima. Era uma pedra gigante e entrou um pedaço enorme lá dentro. Ela estourou junto do teto solar, abriu um buraco no capô do carro e no teto solar. Foi uma coisa absurda, chocante. E minha filha escapou”, relatou o pai, emocionado.

A vítima estava no banco do passageiro quando o bloco atravessou o teto do carro e atingiu seu rosto no último domingo (19). Ela sofreu múltiplos ferimentos e permanece internada, sem previsão de alta.

“Ela passou por uma longa cirurgia de reconstituição, que durou seis horas. Ela está com morfina para o controle da dor e consegue conversar. Está muito feliz por estar viva e, principalmente, por nada ter acontecido com a filha dela que estava ao lado”, contou o pai.

Por sorte, Laura posicionou a cadeirinha da criança no lado esquerdo do carro e sentou-se do lado direito. “Esse é o lugar onde minha neta costuma ficar, atrás do motorista. No entanto, ela mudou e colocou minha neta atrás do pai. Essa mudança foi o que salvou minha neta, pois o objeto atingiu o lado onde ela normalmente estaria”, disse.

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O suspeito foi identificado como Yuri Henrique de Oliveira Nunes, de 30 anos, morador em situação de rua. Ele foi preso pela Polícia Militar e já possuía cerca de 30 passagens policiais, a maioria por furto e dano, além de um registro por incêndio criminoso.

De acordo com o tenente-coronel Paulo Giovani, comandante do 16º Batalhão da PM, as equipes iniciaram imediatamente as diligências após o crime.

“Desde o momento em que fomos acionados, não medimos esforços para identificar e localizar o suspeito. Nossa seção de inteligência trabalhou de forma intensa, conversando com pessoas em situação de rua e moradores da região até chegar ao paradeiro dele”, afirmou o oficial.

Yuri foi localizado em uma casa de acolhimento na região de Sabará, para onde seria encaminhado nesta semana.

‘Ele mirou’

Segundo a PM, ele confessou ter arremessado o bloco durante uma briga com outro morador de rua, alegando que agiu em “legítima defesa”. O objeto, no entanto, acabou atingindo o carro onde estava a fisioterapeuta.

“Não teve briga nenhuma, entendeu? Nada disso. Existe, inclusive, um depoimento a nosso favor, confirmando que não houve briga alguma. Ele ficou indignado com o que viu — ele presenciou tudo. Estava em um carro que vinha logo atrás e viu quando a pedra explodiu em cima do carro. Eu não sei exatamente a que distância ele estava, mas ele viu tudo acontecer”, rebateu o pai.

A testemunha contou que “ele mirou e ficou balançando o bloco, esperando o momento exato em que o carro passasse para lançá-lo”.

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Ainda segundo o tenente-coronel, as câmeras do sistema Olho Vivo estavam inoperantes na área no momento do crime, o que dificultou o trabalho de identificação. “Infelizmente, não conseguimos imagens. Foi por meio de entrevistas e cruzamento de informações que chegamos ao suspeito”, explicou.

Yuri está à disposição da Justiça e deve passar por audiência de custódia nesta terça-feira (21).

Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.
Cursou jornalismo no Unileste - Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais. Em 2009, começou a estagiar na Rádio Itatiaia do Vale do Aço, fazendo a cobertura de cidades. Em 2012 se mudou para a Itatiaia Belo Horizonte. Na rádio de Minas, faz parte do time de cobertura policial - sua grande paixão - e integra a equipe do programa ‘Observatório Feminino’.
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.