A esposa do gari Laudemir de Souza Fernandes, 44 anos, reforçou nesta quarta-feira (27) a luta por Justiça no caso do assassinato do marido e por mais valorização da categoria. Liliane França da Silva, também de 44 anos, participou de audiência pública promovida pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH).
Laudemir foi assassinado no dia 11 de agosto, enquanto fazia coleta no bairro Vista Alegre, região Oeste da capital. O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, confessou à polícia ser o autor do disparo. Ele está preso desde o dia do crime.
“Acredito que, com isso que aconteceu com o Lau (Laudemir), eles vão ter voz. O Lau não vai falar mais, mas pode ter certeza que eu vou estar aqui para continuar gritando por melhorias para eles”, disse Liliane, que evita acompanhar diretamente o andamento do caso, pois muitas situações ainda causam dor para toda a família.
“Os advogados estão trabalhando e eu confio neles. Deixo essa parte mais para eles, confiando que estão fazendo o melhor que podem fazer”, completou.
Casa gelada
Em meio à dor pela perda trágica do marido, Liliane afirmou que a casa está vazia e gelada, e que o apoio da sociedade tem aliviado o sofrimento.
“Minha casa está muito vazia e muito gelada. Chegar e receber todo o abraço, todo o carinho, ver toda a população apoiando, isso tem ajudado, tem dado muita força para a gente, principalmente para mim”, destacou Liliane, pedindo que a união em torno do caso continue.
“A gente tem que continuar lutando. A gente tem que estar junto da população, de todos que estão apoiando a gente. Sabemos que vai ser difícil, mas, se a gente não lutar e desanimar diante das pedras que surgirem, isso não vai ter um final feliz. Mas eu acredito muito que, se continuarmos unidos, vamos ter vitória, sim. A gente espera a Justiça da terra e a Justiça de Deus, porque essa também não falha. Vamos continuar gritando, buscando e lutando até haver Justiça por Laudemir e respeito pelos garis.”
Audiência
A audiência foi convocada pelo vereador Bruno Pedralva (PT). Para ele, a morte de Laudemir expõe a realidade enfrentada diariamente pelos garis. Segundo o parlamentar, apesar de serem profissionais essenciais para a saúde pública e para a qualidade de vida na cidade, os trabalhadores da limpeza urbana sofrem com a falta de reconhecimento e com as más condições de trabalho.
“A Liliane e toda a família têm sido muito guerreira e um exemplo para o povo brasileiro, transformando o luto em luta”, afirmou Pedralva.
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