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De volta ao mercado: programa da PBH capacita mais de mil pessoas em situação de rua

O programa Estamos Juntos certificou mais três turmas nesta quarta-feira (14) com a certificação de 58 pessoas em situação de vulnerabilidade social

A formatura dos participantes aconteceu na sede da prefeitura de BH, no Centro da cidade.

A Prefeitura de Belo Horizonte celebrou, nesta quarta-feira (14), a certificação de 1.072 formandos, distribuídos em 78 turmas do programa Estamos Juntos, uma iniciativa do Executivo voltada à população em situação de rua. O prefeito da capital, Álvaro Damião (União Brasil), e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Relações Internacionais, Adriano Faria, comemoraram o sucesso da ação, que, na próxima semana, será observada de perto pelo secretariado de Curitiba, capital do Paraná.

O pessoal de Recife já nos procurou para saber como funciona. Nós também vamos a São Paulo para conhecer o programa deles e, assim, melhorar o nosso, oferecendo mais qualidade de vida para quem está nas ruas da cidade”.
— declarou o prefeito.

Na sede da prefeitura, 58 pessoas receberam o certificado de participação. Uma delas foi Luiz Carlos Martins, de 40 anos, integrante da turma 74.

Para a Itatiaia, ele contou que entrou no programa inicialmente motivado pela bolsa-auxílio de R$ 540, oferecida pelo município, mas que, com o tempo, passou a enxergar a iniciativa como uma oportunidade real de retornar ao mercado de trabalho. “Quando fui continuando, voltando ao curso, percebi que não era só pela verba, mas sim pelo compromisso de estar ali todo dia. A verba é só um atrativo, mas há como você se tornar um cidadão digno novamente”, disse à reportagem.

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Com a formação, Luiz afirma que pretende voltar a estudar e se reestabelecer financeiramente. “Minha perspectiva é retomar meu curso de técnico em refrigeração. Fiquei sete anos parado por vários motivos psicológicos, e aí veio o mundo das drogas. Tentei trabalhar no ano passado por três vezes, mas não consegui. Achei que o problema era comigo, que não ia conseguir mais voltar. Foi então que saí de casa, fui para a rua, e foi nesse momento que o programa apareceu”, detalhou.

Como funciona?

As vagas são oferecidas para pessoas em situação de vulnerabilidade que estejam em abrigos, Centros POP e casas de passagem na capital mineira. A prefeitura realiza uma triagem, e os participantes passam por uma formação socioemocional. Eles recebem uma bolsa no valor simbólico de R$ 540 por mês, durante até 180 dias.

Nesse período, participam de oficinas de qualificação profissional e são inseridos em um banco de talentos para futuras oportunidades. Além disso, realizam estágios em equipamentos da PBH, com possibilidade de serem contratados posteriormente por empresas parceiras do programa.

Esse projeto é muito importante porque muda uma lógica que sempre foi aplicada às pessoas em situação de rua. Paramos de enxergar essas pessoas como um problema e passamos a vê-las como parte da solução para outra questão que enfrentamos na cidade. BH sofre muito com a falta de mão de obra. Os principais setores da cidade — os que mais empregam — têm três, quatro vagas para cada candidato. Então, enxergamos nesse programa a chance de resolver duas situações ao mesmo tempo”.
— explicou o secretário Adriano Faria.

Segundo ele, o próximo passo do programa será oferecer qualificações específicas com empresas parceiras, em setores diversos, como a construção civil e o ramo gastronômico, incluindo bares e restaurantes da capital.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.