Operação Poço Lobato: polícia investiga se Grupo Refit teria ligação com esquema do PCC

Investigações apontam prejuízo de R$ 26 bilhões e revelam uso de 47 contas bancárias em esquema de sonegação no setor de combustíveis

Operação Poço Lobato: polícia investiga se Grupo Refit teria ligação com esquema do PCC

A polícia revelou que o Grupo Refit, alvo da megaoperação Poço de Lobato, deflagrada nesta quinta-feira (27) em São Paulo contra fraudes fiscais no setor de combustíveis, mantém relações financeiras com empresas e pessoas ligadas à Operação Carbono Oculto, que investiga a participação do PCC (Primeiro Comando da Capital) no mercado de combustíveis.

De acordo com as investigações, ainda não há indícios de vínculo direto entre o grupo e a facção criminosa. O Grupo Refit é acusado de causar um prejuízo superior a R$ 26 bilhões aos cofres dos estados e da União.

A Refinaria de Manguinhos, pertencente ao grupo que fica às margens da Avenida Brasil, no Rio de Janeiro. A operação também cumpre 190 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Maranhão e no Distrito Federal.

Segundo o Ministério Público de São Paulo, o Grupo Refit é chefiado pelo empresário Ricardo Magro e é considerado o maior devedor de ICMS do estado e um dos maiores do país. Mais de 600 agentes do Ministério Público Federal (MPF) e da Receita Federal participam da operação.

As investigações apontam que a empresa é devedora e acumula dívidas de impostos “do porto ao posto”.

Durante a operação foram identificadas brechas nas regulamentações, como as chamadas “contas-bolsão”, que dificultam o rastreamento do fluxo financeiro. Ao todo, a principal financeira possuía 47 contas bancárias em seu nome, vinculadas contabilmente às empresas do grupo.

O MP afirma que o objetivo principal da operação é combater um sofisticado esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis.

Fraudes

Segundo a Receita Federal, as importadoras atuavam como interpostas pessoas, adquirindo do exterior nafta, hidrocarbonetos e diesel com recursos provenientes de formuladoras e distribuidoras vinculadas ao Grupo Refit. Apenas entre 2020 e 2025, foram importados mais de R$ 32 bilhões em combustíveis pelos investigados.

A empresa foi alvo da recente Operação Cadeia de Carbono, na qual foram retidos quatro navios contendo aproximadamente 180 milhões de litros de combustível.

Em decorrência dessa operação, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) determinou a interdição da refinaria após constatar diversas irregularidades, entre elas a suspeita de importação com falsa declaração do conteúdo, ausência de evidências do processo de refino e indícios de uso de aditivos químicos não autorizados pela regulamentação, ao alterarem as características do produto e podem indicar tentativa de adulteração do produto vendido ao consumidor.

Formuladoras, distribuidoras e postos de combustíveis também vinculados à organização sonegavam reiteradamente tributos em suas operações de venda.

As apurações revelaram ainda que formuladoras, distribuidoras e postos de combustíveis vinculados ao grupo sonegavam reiteradamente tributos em suas operações de comercialização, ampliando o impacto das irregularidades sobre a arrecadação e a concorrência no setor.

O dinheiro ilícito era reinvestido em negócios, propriedades e outros ativos por meio de fundos de investimento, dando aparência de legalidade e dificultando o rastreamento. A Receita Federal já identificou 17 fundos ligados ao grupo, que somam patrimônio líquido de R$ 8 bilhões.

Em sua maioria, são fundos fechados com um único cotista, geralmente outro fundo, criando camadas de ocultação. Há indícios de que as administradoras colaboraram com o esquema, omitindo informações à Receita Federal.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.

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