As 11 ararinhas-azuis recapturadas no início de novembro, na Bahia, testaram positivo para circovírus, segundo o Instituto Chico Mendes (ICMBio). As aves tinham sido soltas em 2022, após serem repatriadas da Europa, mas apresentaram suspeita de contaminação.
O circovírus, comum na Austrália, causa a chamada “doença do bico e das penas”, que provoca falhas no empenamento, alterações nas cores e deformidades no bico. Não há cura, e a infecção costuma ser fatal. O vírus não contamina humanos nem aves de criação.
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O ICMBio investiga como as ararinhas foram infectadas. A primeira medida será separar indivíduos doentes e saudáveis para evitar novas transmissões.
Criadouro é multado
Após inspeções, o ICMBio e o Inema constataram falhas graves de biossegurança no criadouro responsável pelo manejo das aves — entre elas, limpeza inadequada de estruturas e funcionários trabalhando sem equipamentos de proteção.
O local foi multado em cerca de R$ 1,8 milhão, e o diretor também foi autuado. Outro auto de infração, de aproximadamente R$ 300 mil, já havia sido aplicado pelo Inema.
Segundo o ICMBio, o descumprimento dessas regras pode ter contribuído para que o vírus se espalhasse entre as ararinhas.
Histórico do projeto
As ararinhas fazem parte do programa brasileiro de reintrodução da espécie, nativa da Caatinga e considerada símbolo da conservação no país. Em 2024, o ICMBio encerrou o acordo com a organização alemã ACTP — parceira do criadouro — após a entidade transferir 26 aves para a Índia sem autorização do governo brasileiro.
Mesmo com o rompimento da parceria, o ICMBio afirma que o trabalho de preservação segue nas unidades de conservação em Curaçá (BA), onde vive a única população livre da espécie.