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Caso Gritzbach: após um ano, dois mandantes e olheiro permanecem foragidos

Apontado como delator do PCC, Vinícius Gritzbach foi morto com tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, em 8 de novembro de 2024

Vinícius Gritzbach, de 38 anos

A execução do delator do PCC, Vinícius Gritzbach, de 38 anos, morto com tiros de fuzil em plena luz dia, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, completa um ano neste sábado (8) com os três principais envolvidos na execução foragidos.

A polícia apontou Emílio Carlos Gongorra, o “Cigarreira”, e Diego Amaral, o “Didi” , como mandantes do crime. O caso ainda envolve Kauê Amaral, apontado como olheiro da facção no aeroporto para a execução do crime.

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Informações precisas sobre o paradeiro do criminoso valem R$ 50 mil, como já destacou o secretário de segurança pública, Guilherme Derrite, que deixou o cargo nesta semana para relatar um projeto com regras duras contra facções criminosas no Congresso Nacional.

“O nome dele é Kauê do Amaral Coelho, esse indivíduo, que eu já mencionei que anteriormente já se identificou como membro do PCC, já foi preso por tráfico de drogas, encontra-se foragido. Em razão disso, fixamos o valor a ser pago a quem fornecer informações relevantes que levem à captura desse criminoso”, conclui Derrite.

Os três citados estão com a preventiva decretada, porém permanecem foragidos. De acordo com a polícia, Cigarreira é ligado ao Comando Vermelho (CV) e teria fugido com os outros suspeitos para o Rio de Janeiro.

O assassinato teve grandes desdobramentos, que revelou o envolvimento de agentes públicos com a principal facção criminosa da América Latina e ainda está distante de um desfecho.

A Polícia Civil encerrou o inquérito apontando o motivo do assassinato como “vingança”, enquanto o Ministério Público de São Paulo classificou o crime como uma forte represália do PCC e um “recado” da facção.

Gritzbach havia firmado um acordo de colaboração premiada com o MP, fornecendo informações sobre esquemas de lavagem de dinheiro do PCC e apontando movimentações financeiras e imóveis de integrantes da facção, incluindo informações sobre um líder conhecido da facção, o “Cara Preta”.

Ele também teria indicado policiais militares e civis suspeitos de extorquir criminosos. Os policiais militares Denis Antônio Martins e Ruan Silva Rodrigues, identificados como os atiradores; e Fernando Genauro da Silva, denunciado como motorista do automóvel utilizado na execução de Gritzbach, foram pronunciados e irão a júri popular.

Ao todo, 18 PMs tornaram-se réus — 14 deles seguem presos no Presídio Militar Romão Gomes. O inquérito militar foi encaminhado ao Tribunal de Justiça Militar, e os processos administrativos disciplinares continuam em andamento.

A delação e as ramificações do crime

Em depoimentos, Gritzbach denunciou diversos policiais que teriam ligação com o PCC.

O investigador da Polícia Civil Marcelo Marques de Souza, conhecido como Marcelo “Bombom”, por exemplo, foi condenado a 11 anos e 3 meses em regime fechado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Bombom, que mantinha contato com Gritzbach, recebia propina de prostíbulos, desmanches e casas de jogo na Zona Leste de São Paulo, no esquema conhecido como “recolhe”.

A ligação do crime com integrantes de forças de segurança

Laudos periciais indicaram que a munição usada na execução do delator era da Polícia Militar (PM) de São Paulo. Laudos também apontaram o DNA de dois PMs em veículos e roupas relacionados ao assassinato.

As denúncias de Gritzbach também levaram à “Operação Tacitus”, que mirou a desarticulação de uma organização criminosa de lavagem de dinheiro. O Gaeco denunciou donos de fintechs por lavagem de dinheiro para o PCC. As investigações mostraram que o PCC lavou R$ 6 bilhões usando fintechs.

*Com colaboração da CNN Brasil

Correspondente da Rádio Itatiaia em São Paulo. Ingressou na emissora em 2023. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. Na Band, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na Band News FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do Band News TV. Em 2023, foi reconhecido como um dos 30 jornalistas mais premiados do Brasil.