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Caso Gritzbach: execução de delator do PCC completa 1 ano; o que se sabe até agora

Antônio Vinícius Lopes Gritzbach foi morto a tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, em 8 de novembro de 2024

A execução do delator do PCC Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, morto a tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, completa um ano neste sábado (8).

O assassinato teve grandes desdobramentos, que revelou o envolvimento de agentes públicos com a principal facção criminosa da América Latina e ainda segue carente de resolução.

A Polícia Civil encerrou o inquérito apontando o motivo do assassinato como “vingança”, enquanto o Ministério Público de São Paulo classificou o crime como uma forte represália do PCC e um “recado” da facção.

Gritzbach havia firmado um acordo de colaboração premiada com o MP, fornecendo informações sobre esquemas de lavagem de dinheiro do PCC e apontando movimentações financeiras e imóveis de integrantes da facção, incluindo informações sobre um líder conhecido da facção, o “Cara Preta”. Ele também teria indicado policiais militares e civis suspeitos de extorquir criminosos.

A polícia apontou Emílio Carlos Gongorra, o “Cigarreira”, e Diego Amaral, o “Didi” como mandantes da morte. O caso ainda envolve Kauê Amaral, apontado como olheiro da facção no aeroporto para a execução do crime.

Os três estão foragidos, com prisão preventiva decretada. De acordo com a polícia, Cigarreira é ligado ao Comando Vermelho (CV) e teria fugido com os outros suspeitos para o Rio de Janeiro.

De acordo com o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a motivação da execução foi vingança e disputa por dinheiro envolvendo lavagem de ativos e criptomoedas.

Os policiais militares Denis Antonio Martins e Ruan Silva Rodrigues, identificados como os atiradores; e Fernando Genauro da Silva, denunciado como motorista do automóvel utilizado na execução de Gritzbach, foram pronunciados e irão a júri popular. Ao todo, 18 PMs tornaram-se réus — 14 deles seguem presos no Presídio Militar Romão Gomes.

O inquérito militar foi encaminhado ao Tribunal de Justiça Militar, e os processos administrativos disciplinares continuam em andamento.

Revelações

Embora as investigações tenham revelado os nomes dos envolvidos, mandantes e o olheiro do crime seguem foragidos. A investigação da morte revelou uma ampla “teia do crime”.

Em depoimentos, Gritzbach denunciou diversos policiais que teriam ligação com o PCC.

O investigador da Polícia Civil Marcelo Marques de Souza, conhecido como Marcelo “Bombom”, por exemplo, foi condenado a 11 anos e 3 meses em regime fechado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Bombom, que mantinha contato com Gritzbach, recebia propina de prostíbulos, desmanches e casas de jogo na Zona Leste de São Paulo, no esquema conhecido como “recolhe”.

Ligação de crimes

Laudos periciais indicaram que a munição usada na execução do delator era da Polícia Militar (PM) de São Paulo. Laudos também apontaram o DNA de dois PMs em veículos e roupas relacionados ao assassinato.

As denúncias de Gritzbach também levaram à “Operação Tacitus”, que mirou a desarticulação de uma organização criminosa de lavagem de dinheiro. O Gaeco denunciou donos de fintechs por lavagem de dinheiro para o PCC. As investigações mostraram que o PCC lavou R$ 6 bilhões usando fintechs.

*Com informações da CNN Brasil

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Yuri Cavalieri é jornalista e pós-graduando em política e relações internacionais. Tem mais de 12 anos de experiência em rádio e televisão. É correspondente da Itatiaia em São Paulo. Formado pela Universidade São Judas Tadeu, na capital paulista, onde nasceu, começou a carreira na Rádio Bandeirantes, empresa na qual ficou por mais de 8 anos como editor, repórter e apresentador. Ainda no rádio, trabalhou durante 2 anos na CBN, como apurador e repórter. Na TV, passou pela Band duas vezes. Primeiro, como coordenador de Rede para os principais telejornais da emissora, como Jornal da Band, Brasil Urgente e Bora Brasil, e repórter para o Primeiro Jornal. Em sua segunda passagem trabalhou no núcleo de séries e reportagens especiais do Jornal da Band.