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Rio: o que se sabe sobre a operação policial que deixou mais de 100 mortos

‘Operação Contenção’ tinha como objetivo enfraquecer o Comando Vermelho, a principal facção criminosa do Rio

Forças de segurança invadiram os complexos de favelas do Alemão e da Penha

Dois dias depois da operação policial mais letal da história do Brasil, o país tira conclusões e se faz perguntas sobre esta ação contra a facção criminosa Comando Vermelho em favelas do Rio de Janeiro.

Com um balanço oficial de 121 mortos, quatro dos quais policiais, a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da cidade, mostrou a face mais violenta do cartão-postal do Brasil.

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Confira a seguir um retrospecto do que se sabe até o momento.

O alvo: Comando Vermelho

A chamada ‘Operação Contenção’ tinha como objetivo enfraquecer o Comando Vermelho, a principal facção criminosa do Rio e a que mais se expandiu nos últimos anos, segundo as autoridades.

As forças de segurança invadiram os complexos de favelas do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio, considerados bases centrais do Comando Vermelho.

Recentemente, esta facção superou as milícias em extensão territorial, embora a hegemonia do crime organizado siga em disputa no Rio, segundo especialistas.

Mortos e presos

O governo do estado registrou até agora 121 mortos, embora a Defensoria Pública estadual tenha reportado 132 à AFP.

As autoridades do Rio informaram, ainda, a detenção de 113 pessoas. No total, foram apreendidos 91 fuzis.

Também foi apreendida “uma quantidade enorme de drogas”, disse o governador Cláudio Castro (PL) na terça-feira. No entanto, até o momento não foram informados nem a quantidade, nem o tipo de entorpecentes confiscados.

A operação mais letal do Rio e do Brasil

Esta operação policial foi a mais letal da história do Brasil, superando os 111 mortos do Carandiru, em 1992, quando as forças de segurança executaram detentos em um presídio.

No Rio, a segunda e a terceira operações mais letais ocorreram em 2021 e 2022, nas comunidades do Jacarezinho e da Vila Cruzeiro, que deixaram, respectivamente, 28 e 25 mortos.

Na época, Cláudio Castro também era o governador.

Lula, à margem

A operação foi concebida e executada pelo governo do estado do Rio de Janeiro, sob o comando de Castro, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Sua deflagração ocorreu “sem o conhecimento do governo federal”, chefiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assegurou, nesta quarta-feira (29), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.

Grupo emergencial

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e o ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Ricardo Lewandowski, anunciaram uma cooperação entre os governos estadual e federal para enfrentar o crime organizado no estado. A decisão vem após a operação policial que resultou na morte de mais de 100 suspeitos.

O que falta saber

Por enquanto, a identidade dos mortos é desconhecida, portanto não se sabe se todos eram ou não suspeitos procurados com ordem judicial.

Tampouco foi divulgada a identidade da grande maioria dos presos, o que impede saber o nível do impacto sofrido pela estrutura do Comando Vermelho.

Segundo informações da imprensa, um dos capturados seria Thiago “Belão” do Nascimento Mendes, apontado como braço direito de Edgar Alves de Andrade, o “Doca”, suposto chefe do Comando Vermelho na região, que conseguiu escapar.

Os moradores denunciaram “execuções” e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pediu ao governador Cláudio Castro detalhes sobre a operação para determinar se a atuação da polícia ocorreu no cumprimento da lei, e o convocou para uma audiência.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu que se investigue o ocorrido “imediatamente”.

Enquanto o Rio tenta voltar à calma, os moradores se perguntam se nos próximos dias haverá novos episódios de violência.

Com informações de AFP

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