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Conheça Doca, líder do CV que escapou da operação mais letal da história do Rio

Doca é um dos principais líderes do Comando Vermelho, atrás apenas de Marcinho VP e Fernandinho Beira-Mar, chefes presos da facção

Edgar Alves Andrade, o Doca, é apontado pela Polícia Civil como um dos integrantes da cúpula do Comando Vermelho (CV)

Abaixo apenas de Marcinho VP e Fernandinho Beira-Mar, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso, é o principal líder do Comando Vermelho em liberdade. Ele é um dos criminosos mais procurados do Rio e de altíssima periculosidade, e as autoridades policiais oferecem R$ 100 mil para quem obtiver informações sobre o paradeiro dele.

Doca é investigado por uma série de crimes, incluindo mais de 100 homicídios, tendo crianças entre as vítimas, e desaparecimentos de moradores das áreas controladas pelo CV, que atua principalmente no Complexo da Penha, Zona Norte da capital fluminense.

O criminoso era o principal alvo da Operação Contenção, realizada na terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou ao menos 121 pessoas mortas, entre elas quatro policiais. Ele, porém, não foi pego.

Segundo o secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, Doca usou “soldados” do tráfico para fazer uma “barreira” e escapar da operação.
Os detalhes da morte da traficante Japinha do CV durante megaoperação no RJ

Responsável pela expansão do CV

Nascido em 1970 em Caiçara - não se sabe se é no Rio Grande do Sul ou na Paraíba -, Doca está no mundo do crime há ao menos 20 anos. Foi preso em 2007 por porte de arma e tráfico de drogas na vila da Penha e chegou a ir para o regime semiaberto.

Foragido, ele assumiu liderança do CV, gerenciando recursos da facção e planejando ações, como a morte de André Lyra de Andrade, o Lápis, em 2021, por disputas territoriais.

Planejando os atos de disputa territorial, Doca é responsável pela expansão do CV nos últimos anos. Atualmente, segundo a BBC, a facção controla 51,9% das áreas dominadas por grupos armados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

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Morte de três médicos por engano

Doca também é responsável pela morte de três médicos na Barra da Tijuca, em 2023. Diego Ralf Bomfim, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro de Almeida morreram por engano.

Os comparsas de Doca, naquele dia, confundiram Perseu com Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de um miliciano, e tiveram autorização do líder para matá-lo, segundo a polícia. Depois de saber do engano, Doca mandou matar os autores do crime.

Doca tem uma extensa ficha criminal com 176 anotações até 2023, envolvendo crimes de tráfico de drogas, associação criminosa, furtos, roubos, homicídios, tortura e porte de armas.

Em 2020, foi acusado de autorizar matar três crianças em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Os três meninos, Lucas Matheus da Silva, de 8 anos, Alexandre da Silva, de 10, e Fernando Henrique Ribeiro, de 12, se desentenderam com um chefe do tráfico por causa de um passarinho. Criminosos torturaram e mataram os garotos com a autorização do líder.

Doca se envolveu na compra e uso de drones lançadores de granadas, que foram usados na operação na terça. Ele também é envolvido em negociações com o deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos o TH Joias, preso neste ano por tráfico de drogas, intermediação de armas para facções e lavagem de dinheiro.

Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.