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Cerca de 40% dos acidentes de moto no Brasil são fatais

Só em Minas, foram mais de 43 mil ocorrências neste ano, segundo dados oficiais

Um levantamento do Ministério da Saúde aponta que o maior custo dos acidentes de moto não está nas internações, mas na perda de produtividade, que já ultrapassa 40%

O aumento no número de motociclistas nas ruas vem acompanhado de uma estatística preocupante: o crescimento dos acidentes sobre duas rodas. Segundo o Ministério dos Transportes, o Brasil contabilizou 29,2 milhões de motos em circulação até agosto de 2025, o que equivale a 23% da frota total de veículos no país.

Os dados do Atlas da Violência 2025 mostram que os motociclistas representam cerca de 40% das vítimas de acidentes de trânsito. Em Minas Gerais, apenas entre janeiro e setembro deste ano, foram 43.878 ocorrências envolvendo motos, conforme o Observatório de Segurança Pública do Estado.

No Hospital João XXIII, em Belo Horizonte — o maior pronto-socorro de traumas de Minas e um dos maiores da América Latina —, o cenário é reflexo direto dessa realidade.

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“A imensa maioria dos acidentes automobilísticos que a gente atende é de moto. O acidente com carro nem está entre os principais. A esmagadora maioria é por moto”, destaca Rodrigo Muzi, gerente médico da unidade.Os impactos não se limitam às emergências hospitalares. Segundo Wagner Nogueira da Silva, coordenador do serviço de ortopedia do Hospital da Baleia, o aumento de acidentes é desproporcional ao crescimento da frota.

“O número de motociclistas aumentou, mas o de acidentes cresceu muito mais — cerca de 30% ao ano. As consequências não são só para o acidentado, mas para a sociedade, com custos altos de tratamento, afastamento do trabalho e impacto emocional nas famílias”, explica.

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Um levantamento do Ministério da Saúde aponta que o maior custo dos acidentes de moto não está nas internações, mas na perda de produtividade, que já ultrapassa 40%.

O guarda patrimonial Ciano da Cruz, de 31 anos, é um dos que entraram nessa estatística. Ele sofreu um grave acidente em junho, quando foi atingido por um carro.

“Achei que ia perder a perna. Tive uma fratura exposta de 20 centímetros e peguei uma bactéria. Vou precisar fazer alongamento ósseo e ficar mais de um ano sem trabalhar. Estou lutando pra salvar a perna”, relata.Para o diretor de qualidade profissional da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Alison Coimbra, a redução das ocorrências depende de fiscalização e educação no trânsito.

“O controle rigoroso da velocidade é o principal mecanismo de prevenção. O uso correto do capacete, luvas, calçados fechados e antenas corta-fio também é essencial. Além disso, precisamos investir em faixas exclusivas, sinalização e presença constante do poder público com campanhas educativas”, afirma.

Mineira de Resende Costa, Campo das Vertentes. Jornalista formada pela UFSJ, já trabalhou na Rádio Emboabas de São João del-Rei. Na Itatiaia, é editora do Jornal Itatiaia Primeira Edição e do Jornal da Tarde. Além de repórter, principalmente em Cidades