Edson Moreira ia assistir um jogo da Seleção Brasileira quando o caso do desaparecimento e, posteriormente, da morte de Eliza Samúdio ‘caiu’ no colo da Delegacia de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Minas Gerais. Até então, o caso estava com a delegacia de homicídios de Contagem.
Localizada na Lagoinha, o prédio onde funciona a delegacia tinha uma estrutura bem maior do que as repartições locais e, naquele momento, julho de 2010, o caso já tinha começado a ser pauta em noticiários do Brasil todo. Em 2024, completam-se 14 anos do desaparecimento e morte de Eliza Samúdio, ocorrido em Esmeraldas, Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O delegado responsável, Edson Moreira, era “figurinha carimbada” em todos os jornais, o caso tomou proporções que nem mesmo ele poderia prever. “Na época tinha dois telefones, tive que entregar para a secretária para atender, porque na segunda-feira ele já não parava de tocar”, relembrou Moreira em entrevista à Itatiaia.
Isso se deve, em grande parte, ao homem envolvido - e condenado - pelo assassinato. O goleiro da maior torcida do Brasil, vencedor do Campeonato Brasileiro do ano anterior, 2009, e uma das maiores promessas do futebol brasileiro. Bruno Fernandes das Dores de Souza, ou, a forma como mais ficou conhecido, o
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Nesta quinta-feira (26), 11 anos após a condenação de Bruno,
Sempre foi Bruno, o perpetrador, que esteve sob os holofotes, tanto pela profissão, quanto pelas investigações do crime, que descortinaram uma trama complexa para o assassinato e ocultação do cadáver da mulher.
Relacionamento abusivo
Um relacionamento cheio de abusos, agressões e ameaças, que termina com a morte da mulher envolvida. Essa poderia ser a descrição de um relacionamento abusivo em qualquer localidade, em qualquer lapso temporal. No entanto, esse caso, acontecido em 2010, se tornou um dos mais comentados da década no mundo todo.
Entre os anos de 2008 e 2009, Bruno conheceu Eliza em um churrasco no Rio de Janeiro. O goleiro do Flamengo era casado e o caso extraconjugal era conturbado, Eliza tornou público as desavenças durante uma entrevista para o jornal Extra, em que contou que havia sido ameaçada pelo jogador.
À época, ela chegou a registrar uma notícia-crime na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, por tentativa de sequestro, agressão e ameaça. Ela já estava grávida de cinco meses, um filho resultado da relação com Bruno.
Relembre o caso
Em julho de 2010, Samúdio foi para um sítio localizado em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a pedido de Bruno. Na viagem, ela desapareceu. Durante as investigações, Bruno disse que a mulher tinha ido embora do sítio por vontade própria, e que abandonou o filho - Bruninho - com uma pessoa conhecida dos dois. O menino foi achado numa favela de Ribeirão das Neves.
Ainda em junho, a Polícia Civil de Minas Gerais declarou Bruno suspeito pelo desaparecimento de Eliza. As investigações apontavam que o sumiço da modelo era por conta da gravidez, que poderia ‘atrapalhar’ o casamento de Bruno e manchar a reputação do goleiro, que naquele momento, estava em negociação para ser transferido do Flamengo para o Milan, da Itália.
Em 6 de julho de 2010, um jovem de 17 anos, primo do goleiro, foi encontrado na residência de Bruno na Barra da Tijuca e afirmou ter dado uma coronhada em Eliza. Desacordada, ela teria sido esquartejada a mando do goleiro e, os restos mortais, teriam sido dados a cachorros rottweiler, que teriam dilacerado seu corpo; os ossos da modelo teriam sido concretados.
A Justiça de Minas Gerais expediu o mandado de internação do adolescente que prestou depoimento no dia 6 de julho de 2010 e a prisão preventiva de Bruno e de mais sete pessoas no dia seguinte.
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A Justiça do Rio de Janeiro também havia expedido a prisão preventiva de Bruno e Luiz Henrique Romão, conhecido como Macarrão, pelo sequestro e cárcere privado de Eliza, ocorrido em outubro de 2009. Bruno e Macarrão se entregaram à polícia no Rio de Janeiro e foram transferidos para Minas Gerais, onde ocorreu o julgamento.
O julgamento de Bruno Fernandes, Luiz Henrique Romão, Marcos Aparecido dos Santos, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, Fernanda Gomes de Castro, Elenilson Vitor da Silva e Wemerson Marques de Souza foi iniciado em Contagem, mais de dois anos após o desaparecimento de Eliza, em 19 de novembro de 2012.
Bruno foi considerado culpado por homicídio triplamente qualificado, sequestro e ocultação de cadáver. O goleiro recebeu o primeiro habeas corpus em fevereiro de 2017, mas dois meses depois ele voltou à prisão após decisão da primeira turma do Supremo Tribunal Federal.