Sonia Fatima Moura relatou no documentário “
“Eu fico aqui em casa olhando para o Bruninho e pensando: O que vai ser amanhã ou depois? Com essas escolhas que você fez? Eu não queria isso”, confessa Sonia.
“Daí, muitas vezes, o meu marido levava ele para brincar com um amiguinho. E ele sempre falando que queria ser goleiro, nunca falou outra coisa. Ele não conhecia a história da mãe e do pai. Não sabia que os dois tinham sido goleiros”, recorda.
Apesar disso, Sonia diz apoiar o neto. “Eu acredito que ele vai ser um goleiro muito top, como dizia a mamãe dele, ‘você vai ser melhor do que seu pai’. Ela falava pra ele”, comenta.
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Sonia Fatima Moura, mãe de Eliza Samudio
Eliza Samudio foi goleira
Assim como Bruno, Eliza Samudio chegou a ser goleira. “Joguei salão, joguei dez anos de salão”, relata ela, em arquivo obtido pelo documentário.
Carla Bó, amiga de infância de Eliza, conta que as duas faziam parte da equipe do Foz. “Ela era goleira, camisa número 1, e eu era a 10, artilheira. Jogava muito, era uma excelente goleira, tinha tudo para ir para fora do país jogar. Era uma garota muito apaixonante”, comenta.
O talento também era notado pela mãe. “A Eliza era goleira das boas. Era molecão. Era bermudona, camisetão e bola debaixo do braço. Amarrava aquele cabelo e ia jogar bola no meio da rua”, diz.
Carla reflete sobre as coincidências entre Eliza e Bruno. “Vendo as entrevistas do Bruno eu reparei o quanto eles eram parecidos, né? Jogavam como goleiro, tinham uma família um pouco desestruturada. E ele conseguiu chegar lá. Aí eu fico me perguntando: e se ela fosse um homem?”, questiona.
Bruninho, filho de Eliza e Bruno, foi contratado como goleiro do Atlético Paranaense inicialmente, mas agora
Morte de Eliza
Eliza Samudio foi assassinada aos 25 anos em julho de 2010 e, até hoje, seu corpo não foi encontrado. O goleiro Bruno foi condenado a 23 anos e um mês de prisão por homicídio, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado da modelo. Desde janeiro do ano passado, ele está em liberdade condicional.
O documentário recorda um vídeo de Eliza na porta da delegacia, onde ela registra queixa por agressão, sequestro e cárcere privado contra ele. Segundo ela, o goleiro a ameaçou com uma arma. “Aí agora ele falou assim: ‘eu sou pior do que você pensa, eu sou frio e calculista. Esperei a poeira abaixar e vir atrás de você, você não vai ter esse filho, porque eu não quero’”, relatou à época. No entanto, Eliza não teve a medida protetiva concedida pela Justiça.
“Eliza lutava sozinha, não só contra o Bruno, contra uma nação, contra todos os fãs do Bruno, e contra toda essa estrutura machista enraizada na sociedade brasileira, especialmente, no ambiente do futebol. A Eliza era uma vítima invisível”, destaca Monica Castro, advogada de Sonia, mãe de Eliza.