Antes de ser assassinada, Eliza Samudio revelou para a mãe, Sonia Fatima Moura, o sonho que tinha para o filho, Bruninho, hoje com 14 anos. A história foi compartilhada pela avó da criança no documentário
“Ela falava que o filho dela ia ser goleiro. ‘Você vai ser jogador, você vai ser goleiro, mas você vai ser top dos tops’. Era o tempo inteiro zelando, cuidando, pra não ficar sujo, sabe? Banho, comida, tudo na hora”, recorda Sonia.
“E ela falava: ‘Pra mim, pode faltar as coisas, para o meu filho não”, acrescenta a mãe da modelo.
Bruninho acabou realizando o sonho da mãe, sem saber dele, segundo a avó, ao ser contratado pelo Atlético Paranaense como goleiro. Agora,
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Em depoimento no documentário, Sonia narra que teve uma vida semelhante à da filha, mas o “medo” a salvou. “Eu vivi uma relação com o Luís Carlos [pai de Eliza] bem conturbada, de violências, idas e vindas, ameaças. A Eliza viveu exatamente a minha vida”.
“Ao contrário dela, eu fugi e me preservei. Ela não, ela enfrentou. Ela não tinha medo. Medo era uma palavra que não existia no vocabulário ela, e o medo é algo essencial para o ser humano”, continua.
Uma reportagem do programa “A Tarde é Sua”, da Rede TV!, foi exibida no documentário. Nela, Eliza aparece grávida em um hospital e comenta sobre a maternidade. “Quero [ter o Bruninho], porque um filho é tudo na vida de uma mulher, né?”, disse.
Ainda em entrevista, ela comenta que não estava mais com medo das ameaças de Bruno, que negava ser pai da criança. “No começo, fiquei com medo. Agora, tô mais sossegada”, respondeu.
Eliza Samudio foi assassinada aos 25 anos em julho de 2010 e, até hoje, seu corpo não foi encontrado. O goleiro Bruno foi condenado a 23 anos e um mês de prisão por homicídio, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado da modelo. Desde janeiro do ano passado, ele está em liberdade condicional.
O documentário recorda um vídeo de Eliza na porta da delegacia, onde ela registra queixa por agressão, sequestro e cárcere privado contra ele. Segundo ela, o goleiro a ameaçou com uma arma. “Aí agora ele falou assim: ‘eu sou pior do que você pensa, eu sou frio e calculista. Esperei a poeira abaixar e vir atrás de você, você não vai ter esse filho, porque eu não quero’”, relatou à época. No entanto, Eliza não teve a medida protetiva concedida pela Justiça.
“Eliza lutava sozinha, não só contra o Bruno, contra uma nação, contra todos os fãs do Bruno, e contra toda essa estrutura machista enraizada na sociedade brasileira, especialmente, no ambiente do futebol. A Eliza era uma vítima invisível”, destaca Monica Castro, advogada de Sonia, mãe de Eliza.