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Brigadeirão envenenado: veja tudo o que se sabe sobre o caso

Morte de empresário envolve um brigadeirão envenenado, a namorada da vítima, uma cigana e uma suposta dívida de R$ 600 mil

Luiz Marcelo e Júlia Andrade no elevador no dia do desaparecimento. Empresário segura prato que investigadores indicam conter “brigadeirão” que o envenenou

A Polícia da 25ª Delegacia Policial de Engenho Novo, no Rio de Janeiro, investiga há mais de 10 dias a morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, encontrado morto no apartamento onde vivia. O caso envolve um brigadeirão envenenado, a namorada de Luiz, uma cigana e uma suposta dívida de R$ 600 mil.

Os investigadores acreditam que o crime foi premeditado. A principal suspeita do crime, a namorada da vítima, está foragida. Confira as informações já divulgadas sobre o caso.

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Entenda o crime

O corpo do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond foi encontrado em estado avançado de decomposição no dia 20 de maio. A descoberta foi feita no apartamento onde ele morava, no bairro Engenho Novo, Zona Norte do Rio de Janeiro.

O corpo foi encontrado sentado no sofá da sala do apartamento. Ao lado dele, foram achadas cartelas de morfina. Além disso, havia dois ventiladores ligados, um no teto e outro no chão, em direção à janela.

Investigações

A partir da descoberta do corpo por vizinhos, que reclamaram de um cheiro forte, a Polícia Civil foi acionada. Com isso, as investigações tiveram início no dia 20 de maio.

De acordo com o laudo do Instituto Médico-Legal do Rio, Luiz morreu de 3 a 6 dias antes do corpo ser encontrado. A causa da morte foi inconclusiva para marcas e lesões, mas exames complementares foram solicitados e estão em execução.

Além disso, o laudo da necrópsia não conseguiu determinar a causa da morte. No entanto, os peritos identificaram uma pequena quantidade de líquido achocolatado no sistema digestivo do homem.

Assim, os investigadores suspeitam que Luiz tenha sido assassinado após comer um brigadeirão envenenado. Isso porque o homem foi visto pela última vez, no dia 17 de maio, pelas câmeras de segurança do elevador do prédio em que morava, com a namorada, segurando um prato coberto por papel alumínio.

Quem é a principal suspeita?

A polícia considera a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, namorada de Luiz, como a principal suspeita do crime. Segundo os investigadores, ela teria interesse nos bens da vítima. A polícia apura se Júlia teria se passado pelo empresário para pedir a antecipação de um pagamento que ele teria direito a receber.

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Ela foi intimada a depor dois dias após o cadáver ter sido encontrado e disse à polícia que saiu da casa de Luiz na segunda-feira (20), após uma briga no domingo (19). Porém, Júlia afirmou que ele estava bem e que chegou a preparar o café da manhã para ela.

Após prestar depoimento, a polícia pediu à Justiça que expedisse um mandado de prisão contra Júlia, o que foi feito na quarta-feira (28). A mulher não foi encontrada desde então. A polícia acredita que ela esteja armada, já que duas armas que estavam em nome do empresário sumiram do apartamento.

Também foi apurado pela polícia que, nove dias antes das imagens do elevador, Júlia foi até uma farmácia e pediu medicamentos de uso controlado.

Há outros envolvidos?

Segundo a polícia, além de Júlia, há outros envolvidos no caso. Suyany Breschak, que se apresenta como cigana, ajudou Júlia a planejar a morte de Luiz. Suyany foi presa na noite de terça-feira (28), em Cabo Frio.

Conforme relato de Suyany, ela era mentora de Júlia e realizava “trabalhos de limpeza”. A mulher afirma que Júlia tem uma dívida de R$ 600 mil com ela pela realização desses serviços. Para Suyany, Júlia teria admitido que triturou e colocou 50 comprimidos de um remédio para dor no brigadeirão dado para o empresário. O advogado dela nega a participação no crime.

Suyany também disse em depoimento à polícia que Júlia, por telefone, teria dito que o empresário estava morto. Ela teria confessado que usou lençóis e cobertores para enrolar o corpo. A namorada teria ligado ventiladores para minimizar o cheiro no apartamento e lavado o local com água sanitária, pois urubus estavam aparecendo na janela.

Cigana ajudou a planejar morte

A polícia acredita que Júlia e Suyany tenham planejado a morte do empresário por mensagens de celular. A investigação revelou que a cigana ajudou a psicóloga a se desfazer dos bens de Luiz Marcelo após o crime.

Os investigadores descobriram que o veículo da vítima foi levado para Cabo Frio, na Região dos Lagos, após supostamente ter sido vendido por uma quantia de R$ 75 mil. O homem que comprou o carro chegou a apresentar um documento escrito à mão, que ele disse ter sido assinado pelo empresário, transferindo o bem.

Suyany foi presa por suspeita de participação no crime e por ter recebido bens da vítima, segundo a polícia. Júlia está foragida. Um amigo de Suyany também foi preso, após ser encontrado com o carro de Luiz.

Dívidas com cigana

Aos investigadores, Suyany revelou que conhecia Júlia há 12 anos. A suspeita contratou a cigana pela primeira vez para uma “ajuda espiritual” e para ajudá-la a reconquistar um ex-namorado. Ao longo dos anos, a psicóloga teria contraído uma dívida por outros “trabalhos”. O valor total chegava a R$ 600 mil.

Nas redes sociais, a cigana anunciava o preço de cada “serviço”. Ela cobrava R$ 50 por consultas por chamada de voz e R$ 100 por vídeo. Para fazer “amarrações do amor”, Suyany cobrava R$ 1.000. Para conseguir pagar a dívida completa, Júlia teria acordado transferir uma quantia de R$ 5 mil por mês para a cigana. A informação ainda será apurada pela polícia, que pediu a quebra do sigilo bancário das suspeitas.

Prostituição e segundo namorado

No depoimento, Suyany disse que Júlia passava os fins de semana com um outro namorado, que ainda não foi ouvido pela polícia, e os outros dias da semana com Luiz Marcelo. Eventualmente, ela fazia trabalhos como garota de programa.

Segundo a cigana, o empresário sabia que Júlia era garota de programa, já que a conheceu há 10 anos através de uma plataforma online dedicada a venda do serviço sexual. Suyany disse que a psicóloga costumava pedir trabalhos que envolviam “limpeza espiritual” e rituais para atrair mais clientes, além de serviços para ajudá-la a esconder a fonte de renda de familiares e namorados.


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Pablo Paixão é estudante de jornalismo na UFMG e estagiário de jornalismo da Itatiaia
Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.