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Óleo falsificado está comum: como evitar problemas no motor do carro?

Um a cada 5 lubrificantes vendidos no mercado brasileiro é falsificado e o seu uso pode causar enormes prejuízos ao consumidor

Frascos sem identificação podem ser um indicativo de óleo sem procedência

Um dado alarmante para os motoristas e donos de veículos em todo o Brasil: um em cada 5 óleos lubrificantes vendidos no país é falso ou fora das especificações estabelecidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O alerta é do Instituto Combustível Legal (ICL) que também destaca que os prejuízos pelo uso destes produtos podem ser altíssimos.

Esses produtos, muitas vezes vendidos como legítimos, são responsáveis por desgaste prematuro do motor, aumento da temperatura de trabalho, formação de borras, danos aos sistemas de transmissão e direção e, em casos mais extremos, incêndios no veículo. A fraude gera um prejuízo anual de mais de R$ 1,4 bilhão em gastos com reparos veiculares, perda de garantia de fábrica e fraudes tributárias, segundo o ICL.

Como ocorre a falsificação do óleo?

De um modo geral, a falsificação o óleo lubrificante ocorre principalmente de duas maneiras. Na adulteração, o produto legítimo é diluído com solventes, água ou outras substâncias que alteram suas características originais. Já na falsificação total, o processo é mais sofisticado. Embalagens, rótulos e design de marcas conhecidas são copiados, mas o conteúdo não tem qualquer correspondência com o original.

Em ambos os casos, o consumidor deixa de receber um lubrificante formulado com pacotes de aditivos e óleos básicos adequados, desenvolvidos para atender especificações técnicas e exigências regulatórias. O que chega ao motor, portanto, é um produto incapaz de oferecer a proteção necessária.

Como identificar e evitar o óleo falsificado

Para os consumidores, a atenção aos detalhes é a primeira barreira de proteção. Preços muito abaixo da média do mercado, embalagens violadas, rótulos de difícil leitura, ausência do selo da ANP ou alterações perceptíveis na cor e viscosidade do óleo devem ser vistos como sinais de alerta.

A verificação do lacre, do número de lote, da data de fabricação, do CNPJ e da razão social do fabricante, assim como a exigência da nota fiscal, são procedimentos simples, mas que também se mostram eficazes para reduzir o risco de fraude.

O óleo de motor falsificado pode exigir reparos de mais de R$ 10 mil

Prejuízos com o uso do óleo de motor falso

De acordo com informações divulgadas pelo ICL, um impacto recorrente do uso de óleo de motor falsificado é a formação de borra no motor, causada pela degradação do óleo, que resulta em resíduos sólidos capazes de entupir dutos, danificar pistões e comprometer o funcionamento do sistema. O reparo, nesse caso, pode custar entre R$ 2.000 e R$ 5.000.

Além disso, a presença de água, ácidos ou aditivos impróprios nesses produtos compromete diretamente a integridade das peças internas, provocando corrosão dos mancais e falha do eixo virabrequim — um problema grave, cujo conserto pode ultrapassar R$ 10 mil.

Há ainda o risco de obstrução do sistema de lubrificação, que, ao restringir o fluxo de óleo, gera superaquecimento e danos em componentes, como a bomba d’água e a junta do cabeçote, exigindo reparos que podem chegar a R$ 7.000.

Por fim, também pode ocorrer a quebra da correia dentada banhada a óleo ou do motor, resultado do uso de óleos com viscosidade fora das especificações recomendadas. Esse desgaste acelerado pode provocar falhas com custos de reparo que variam entre R$ 4.000 e R$ 12 mil, a depender do modelo do veículo.

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Felipe Boutros sempre foi fã de carros: cresceu lendo as revistas do gênero e fez jornalismo para atuar no setor - no qual está há 20 anos. Cobriu os principais salões do automóvel do mundo. Trabalhou nos jornais O Tempo, Hoje em Dia e, hoje, é editor-chefe no AutoPapo. Na Itatiaia, colabora com a seção Auto!