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Primeira gongocomposteira em horta comunitária do Rio é instalada no Morro do Tuiuti

Iniciativa busca transformar resíduos orgânicos em adubo e fortalecer a agricultura urbana e a segurança alimentar na capital

Horta comunitária do Rio no Morro do Tuiuti

Uma horta comunitária na cidade do Rio de Janeiro recebeu neste mês a instalação da primeira gongocomposteira, trituradores de resíduos sólidos que podem produzir um adubo orgânico. A Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ) realizou a implementação em parceria com o programa Hortas Cariocas, da Secretaria Municipal de Ambiente e Clima, na comunidade no morro do Tuiuti, em Benfica.

Durante a visita, a equipe orientou os envolvidos com a produção local sobre os principais resíduos orgânicos que podem ser destinados aos gongolos. A previsão é que o gongocomposto esteja pronto em aproximadamente quatro meses e seja aplicado localmente. Atualmente, a horta do Tuiuti fornece vegetais para famílias da comunidade do entorno.

Esta foi uma das primeiras iniciativas práticas do projeto “Proposições sociotécnias para o fortalecimento da agricultura urbana da cidade do Rio de Janeiro”, que iniciou neste ano e busca entender os gargalos da agricultura urbana e periurbana, que hoje é uma das principais apostas para o aumento da segurança alimentar e incremento de renda nas cidades.

Alguns dos principais desafios são: limitação de espaço, solo muito degradado e de baixa fertilidade, pouca arborização e baixa experiência dos envolvidos na produção rural. Tendo isso em vista, uma série de tecnologias estão sendo pensadas pela Embrapa para serem adaptadas à utilização nesses ambientes.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Elizabeth Correia, líder do projeto, já foram realizadas três capacitações com produtores do Rio de Janeiro, abordando diferentes tecnologias de cultivo, como formas de compostagem, conservação de sementes em bancos comunitários e a importância da diversidade de cultivos para atração de polinizadores e inimigos naturais de pragas.

Agora, a equipe está em fase de levantamento de informações sobre outras hortas do Rio de Janeiro para planejar as próximas ações. “Vamos avaliar a fertilidade do solo, as pragas e doenças das plantações e as características da vegetação do entorno para definir quais tecnologias podem ser implantadas em cada área”, explicou Elizabeth.

Segundo ela, a parceria do Hortas Cariocas é fundamental nesse processo. O programa atua como elo entre a pesquisa e os agricultores, identificando demandas, desafios e registrando as atividades desenvolvidas pelas comunidades. Vinicius Rocha, representante do programa, conta que o calendário das ações deve incluir ainda mais qualificações para os produtores, oferecendo técnicas que proporcionem maior autonomia para as hortas. Para ele, o trabalho conjunto amplia o alcance e o impacto das ações. “Isso valoriza e reconhece o trabalho, fortalece vínculos, qualifica as práticas e consolida o sentimento de pertencimento ao grupo”, destacou.

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*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.