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Alerta: preço do café pode disparar até 15% nos próximos dias

Estoque baixo é o principal fator por trás da nova alta

Vendas de café no varejo caíram 5,41% no acumulado de janeiro a agosto de 2025

O preço do café deve voltar a subir e pode ter um aumento de 10% a 15% no início de outubro. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), a alta será sentida nos cafés torrados e moídos e reverte a queda de preços registrada em julho — a primeira após 18 meses de alta consecutiva. A produção é o principal fator por trás da nova alta, afirma o diretor executivo da Abic, Celírio Inácio.

“Com a expectativa a menor colocada esse ano por essa produção de 2024 e com o término da colheita foi claro que nós não obtivemos o número de produção e o rendimento do café. Isso faz com que mais uma vez a produção que já vem carregando essa dificuldade já há 4 anos mostre que não haverá uma uma produção capaz talvez de abastecer todo o mercado”, explicou à Itatiaia.

Além disso, ele destaca outro fator que contribui diretamente: a atuação dos fundos de investimento, já que o café é uma commodity.

“Quando esses fundos percebem dificuldades no mercado global, como essa tarifa de 50% imposto pelos Estados Unidos, eles entram em cena e influenciam diretamente os preços nas bolsas. Os EUA, inclusive, tem buscado outros mercados de Arábica, fazendo com que esses países também aumentem seus preços diante da oferta limitada”, pontuou. Com isso, o cenário de imprevisibilidade no mercado mundial pressiona os preços na bolsa e reflete no bolso do consumidor.

Brasileiros pararam de tomar café?

As vendas de café no varejo caíram 5,41% no acumulado de janeiro a agosto de 2025, em comparação ao ano passado. No entanto, Inácio afirma que “isso não significa que o brasileiro está deixando de tomar café. O que está acontecendo é uma mudança no perfil do consumo”.

“Com o aumento de preços, muitos consumidores estão migrando para opções mais baratas, escolhendo blends mais simples ou marcas com melhor custo-benefício, sobretudo mais consciente com a sua compra e com o seu consumo, sem desperdício. Esse comportamento é natural em momentos de pressão nos preços e mostra a importância do café na cultura brasileira”, explicou.

Expectativa de queda do preço

Apesar da alta do café, existe a expectativa de que os preços do café possam cair no próximo ano. “Nós estamos em plena florada e torcendo para umas boas chuvas. O motivo é que se a próxima safra for boa e tivermos condições climáticas mais favoráveis, a oferta vai aumentar, trazendo mais equilíbrio ao mercado”, pontuou o diretor executivo da Abic.

Com mais produção os estoques podem se recompor e os cursos logísticos e de insumos também tendem a se estabilizar.

“Se tivermos problemas climáticos ou novos aumentos nos custos, essa expectativa pode mudar e por isso que devemos seguir, ainda é muito recente, mas como sempre digo, nós vivemos expectativas no café", disse.

Impacto do tarifaço de Trump

A Abic tem acompanhado de perto a situação das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao café brasileiro. Segundo a associação, atualmente o tarifaço tem impactado diretamente as exportações para os EUA.

“Qualquer mudança depende de negociações bilaterais e de decisões políticas do governo americano. Por enquanto, não existe uma definição concreta sobre redução ou isenção, mas continuaremos firme na defesa do setor e na busca por soluções que beneficiem toda a cadeia cafeeira brasileira”, comentou.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde