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Concursos de café triplicam o valor dos grãos e mudam a vida de famílias em Minas

Competição estadual da Emater-MG bateu recorde de inscrições em 2025; estado se consolida como referência nacional em cafés especiais

Expansão é impulsionada pela crescente valorização dos cafés premiados

O Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais, promovido pelo Governo de Minas por meio da Emater-MG, registrou um aumento recorde de participantes neste ano. O número de inscrições chegou a 1.847, o que representa um crescimento de 31% em relação ao ciclo de 2024. A expansão é impulsionada pela crescente valorização dos cafés premiados.

O prêmio de qualidade tem se tornado um divisor de águas na vida dos produtores mineiros, pois compradores chegam a pagar até três vezes mais que a cotação do dia pelos lotes vencedores. Essa alta valorização no mercado e gera uma significativa mudança na vida das famílias rurais, com melhorias tanto nas condições de vida quanto na própria produção.

Em 2024, o café do Grande Campeão do Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais foi adquirido por uma rede de supermercados por R$ 6 mil a saca, além do produtor, seu Onofre Larcerda, receber mais R$ 10 mil pelo prêmio de Grande Campeão. Já os grãos do primeiro lugar do concurso foram comercializados a R$ 5 mil/saca e o segundo colocado recebeu R$ 4 mil/saca.

“Como o café subiu bastante no último ano (R$2.500 a saca na época), a diferença de preços foi menos acentuada, mas nos últimos tivemos o lote campeão sendo vendido por três vezes a cotação do dia”, comenta o coordenador estadual de Cafeicultura da Emater-MG, Bernardino Cangussu.

Mudança de vida

O cafeicultor José Alexandre Lacerda é de Espera Feliz, um dos municípios das Matas de Minas, que mais brilharam no concurso estadual. A família do patriarca Onofre Lacerda (Grande Campeão Estadual de 2024) trabalha unida e já acumula seis prêmios no estadual (2012, 2014, 2017, 2019, 2022 e 2024) e ainda conquistou premiações em concursos nacionais (2012, 2016 e 2020).

Onofre Lacerda foi o grande vencedor do concurso em 2024

“Nasci na cafeicultura, mas era uma vida muito difícil com o café convencional. Como meu pai sempre prezou pelo capricho, o extensionista da Emater-MG falou para entrarmos no concurso e já na primeira vez ganhamos um prêmio. Outras vitórias vieram e nosso café passou a ser reconhecido no mercado. Daí nossa vida melhorou bastante e atualmente os sete irmãos vivem da cafeicultura”, diz o produtor, filho do seu Onofre.

Atualmente, o sítio Di Lacerda vende para torrefações e cafeterias de vários estados e também exporta para Portugal, Espanha, Inglaterra e Japão. Os valores dos cafés vendidos, segundo o produtor, giram em torno de 60 a 100% a mais do que uma saca comum de café. “Vem gente do mundo inteiro aqui. Passar de produtor de café convencional para o gourmet foi como se tivéssemos achado uma mina de ouro, transformou nossa vida”, brinca Zé Alexandre.

Vitrine para o produtor

Alguns produtores, premiados em concursos da Emater-MG, comercializam ainda seus cafés pelo site É do Campo (www.edocampo.com.br), uma plataforma de vendas on-line de produtos da agricultura familiar. O É do Campo foi criado pela Emater-MG, visando ampliar as vendas da agricultura familiar por meio do comércio eletrônico e oferece vários tipos de cafés de marcas dos próprios produtores.

22ª edição do Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais

Os cafés serão classificados de acordo com as principais regiões produtoras: Cerrado Mineiro, Sul de Minas, Matas de Minas e Chapada de Minas. Os melhores de cada região e categoria receberão premiação, assim como a cafeicultora mais bem pontuada, o produtor certificado pelo programa Certifica Minas Café com melhor desempenho e os primeiros colocados que sejam correntistas de cooperativas do Sistema SicoobCrediminas.

O grande campeão estadual será o produtor que conquistar a maior nota entre todos os inscritos. A cerimônia de premiação está prevista para dezembro.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde