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Oscilações nos preços e recuperação parcial do mercado de frango marcam setembro

Informativo mensal do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) destaca alta na carne de frango, retração no arroz e estabilidade no milho e na soja

Valores médios mensais de negociação da carne registraram alta frente aos do mês anterior

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Esalq/USP, divulgou nesta terça-feira (7) os agromensais referentes a setembro de 2025, com dados atualizados sobre os principais mercados agrícolas do país. O levantamento aponta um mês de oscilações, com recuperação em alguns setores e queda em outros.

No mercado de frango, os preços voltaram a subir pela primeira vez desde o registro de gripe aviária em uma granja comercial brasileira, em maio. Os valores médios mensais de negociação da carne registraram alta frente aos do mês anterior.

O segmento de ovinos também apresentou crescimento, somando 21,9 milhões de cabeças em 2024, 0,3% acima do registrado em 2023, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do crescimento ter sido discreto, o rebanho é um recorde histórico da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM).

Para o boi gordo, o cenário foi inverso. Setembro, que tradicionalmente registra alta nos preços, foi marcado por pressão baixista sobre os negócios realizados no mercado físico, refletindo maior oferta de animais para abate.

Mercado dos grãos em setembro

O mês de setembro foi marcado por sucessivas quedas nas cotações do arroz em casca no Rio Grande do Sul. De maneira geral, agentes das indústrias relataram dificuldades persistentes nas vendas do produto beneficiado, o que limitou as aquisições de grandes volumes da matéria-prima e restringiu a possibilidade de alta dos preços.

No campo do café, as chuvas de setembro animaram os produtores, já que devem favorecer o desenvolvimento da safra 2026/27. Agricultores aguardam agora a abertura das flores nas lavouras de arábica, especialmente no Sudeste. Já o feijão teve mercado aquecido, com destaque para o tipo preto. A incerteza climática e as dúvidas sobre o desempenho da primeira safra 2025/26 mantiveram os agentes cautelosos.

Os preços do milho registraram leves variações ao longo de setembro. Compradores evitaram adquirir grandes volumes, atentos à produção nacional elevada na atual safra e às exportações, que, até meados do mês, ainda tinham desempenho abaixo da temporada anterior. Já entre os vendedores, com a colheita da segunda safra praticamente finalizada, muitos se retraíram, negociando apenas quando havia necessidade de pagamento de dívidas e/ou para aproveitar valores mais atrativos em determinados momentos.

Em relação à soja, a disputa interna pelo óleo se intensificou, impulsionada pela maior demanda das indústrias de biodiesel, que se beneficiam de vantagens tributárias, como a isenção de ICMS. Já no mercado do trigo, o avanço da colheita e a maior oferta interna pressionaram as cotações, movimento reforçado pela queda do dólar e pela desvalorização externa do grão no fim do mês.

Açúcar, etanol e algodão

No setor sucroenergético, o açúcar cristal branco manteve médias abaixo das observadas no mesmo período do ano passado, registrando em setembro a maior diferença negativa desde o início da safra 2025/26.

Já o etanol apresentou recuperação: o hidratado fechou o mês a R$ 2,7583 por litro, alta de 3,25% frente a agosto, enquanto o anidro atingiu R$ 3,0999 por litro, avanço de 4,33% no mesmo comparativo.

Por fim, a colheita de algodão da safra 2024/25 está praticamente concluída no Brasil e o beneficiamento da pluma se aproxima dos 50% da produção, que deve ser recorde. Esse cenário mantém elevada a disponibilidade no mercado spot nacional, levando alguns vendedores a ficar mais flexíveis nos valores pedidos, especialmente quando precisam liquidar lotes e/ou se capitalizar. Já os compradores ativos seguem ofertando preços ainda menores, o que, por sua vez, limita os fechamentos.

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*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.