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Monitoramento de nitrogênio no solo ajuda a cortar custos com fertilizantes

Leitura em tempo real permite reduzir em até 30% o uso da ureia, mantendo produtividade e qualidade do solo

Tecnologia é baseada em sensores de campo, medindo o nitrogênio mineral disponível para a planta

Os produtores brasileiros sentiram o peso do aumento do preço do fertilizante de nitrogênio. A ureia desembarcada nos portos brasileiros, por exemplo, ainda é negociada entre US$ 435 e US$ 475 por tonelada, mesmo após a queda de preços pós-pandemia. Uma estratégia para economizar é a medição em tempo real da taxa de nitrogênio no solo.

O motivo do aumento dos preços do nitrogênio é geopolítico, segundo a Stenon, empresa especializada em dados digitais de solo em tempo real. A crise no Leste Europeu e novas sanções secundárias dos EUA, além do agravamento de conflitos na região do Irã, ameaçam os 17% da ureia brasileira que vêm do Golfo Pérsico.

Análises de campo independentes e estudos de caso mostram que o manejo de nitrogênio com precisão e de forma específica para cada cultura pode reduzir o uso total do fertilizante de 20% a 30% sem prejudicar a produtividade. Aplicado a toda a área agrícola de São Paulo, isso significa cortar 0,28 a 0,42 milhão de toneladas do volume comprado e economizar entre R$ 0,7 bilhão e R$ 1,1 bilhão por ano.

“O nitrogênio é um alvo móvel: aplicar cedo demais significa perdê-lo para a atmosfera; tarde demais, e você perde produtividade”. Ao realizar a leitura dos dados em tempo real, o produtor pode saber a quantidade exata de fertilizante que necessitará. “O resultado é um menor custo por saca de cana e milho, solos mais saudáveis e uma pegada de carbono mais leve”, afirmou o CEO da Stenon, Niels Grabbert.

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A tecnologia é baseada em sensores de campo, medindo o nitrogênio mineral disponível para a planta e o carbono orgânico do solo (SOC) em menos de 20 segundos, diretamente ao lado do pulverizador ou distribuidor. O dispositivo se integra ao aplicativo web, cuja integração com o sistema de gestão agrícola pode enviar as recomendações de nitrogênio diretamente ao controlador de taxa variável.

Além de reduzir o custo, o controle também pode reduzir a taxa de carbono. A produção de um quilo de ureia emite cerca de 1,9 kg de CO₂e, e a aplicação excessiva de nitrogênio frequentemente provoca perdas ainda maiores de óxido nitroso. Retirar 0,4 milhão de toneladas de produto evita, portanto, quase 0,76 milhão de toneladas de CO₂e na fabricação e prevenir emissões de gases de efeito estufa no campo.

Agrônomos que aplicaram o sistema de monitoramento no oeste paulista reportam reduções de 20% na dose de nitrogênio no milho e de até 42% na cana-de-açúcar, com produtividades estáveis ou ligeiramente superiores graças ao melhor momento de aplicação.

*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.