Enxertia de tomate dispara a produção e reduz uso de defensivos

Comum em culturas como uva e citros, técnica consiste na união de duas plantas distintas

Projeto já desenvolve cerca de 80 híbridos de porta-enxerto resistentes a doenças agressivas do solo

A técnica de enxertia aplicada ao cultivo de tomates — comum em culturas como uva e citros — avança como uma das soluções mais promissoras para o aumento da produtividade e redução do uso de agroquímicos na agricultura brasileira.

O tema é foco de um projeto desenvolvido na Universidade Federal de Lavras (UFLA) em parceria com a Feltrin Sementes, com apoio da Fundação de Desenvolvimento Científico e Cultural (FUNDECC), responsável pela gestão de recursos, bolsas e aquisições estratégicas.

A enxertia consiste na união de duas plantas distintas: um porta-enxerto robusto, responsável pela resistência a doenças e vigor, e uma copa (ou parte aérea) que produz os frutos comerciais desejados.

“A enxertia no tomate está se consolidando como uma tecnologia inovadora. Além de vigor e aumento de produtividade, traz mais segurança ao produtor e reduz significativamente pulverizações químicas”, explicou o coordenador da pesquisa, professor Sebastião Márcio de Azevedo, especialista em melhoramento genético.

Técnica avança como uma das soluções mais promissoras para o aumento da produtividade

O projeto já desenvolve cerca de 80 híbridos de porta-enxerto resistentes a doenças agressivas do solo, como fusarioses, murcha bacteriana, nematoides e verticillium. Além da resistência, a equipe busca aprimorar a qualidade dos frutos, precocidade na colheita e tolerância a estresses ambientais, como a salinidade e o déficit hídrico.

Os resultados dessa tecnologia podem fortalecer de maneira significativa a produção orgânica e a sustentabilidade da tomaticultura no Brasil.

Processo de inovação e o mercado nacional

O desenvolvimento de uma nova cultivar é um processo rigoroso que exige paciência, levando de 5 a 6 anos entre as etapas de cruzamento, seleção genética e testes de campo. Além dos porta-enxertos, a equipe da UFLA trabalha no desenvolvimento de novos híbridos comerciais dos tipos tomate salada e italiano, variedades essenciais para o mercado consumidor brasileiro.

Parte da produção experimental é destinada ao Restaurante Universitário (RU) e outra parte comercializada internamente.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área colhida de tomate foi estimada em cerca de 960 mil hectares em 2024, abrangendo os segmentos rasteiro e de mesa. A produção nacional se mantém em patamar elevado, girando em torno de 4,4 milhões de toneladas anuais, com rendimento médio de 72.760 kg por hectare. O estado de Goiás se destaca como o principal produtor do país.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde

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