Retirada do tarifaço de 40% dos EUA abre espaço para avanço do café e carne do Brasil

Medida melhora competitividade brasileira e traz previsibilidade para produtores rurais

Medida é crucial para o complexo da carne, já que os Estados Unidos o segundo maior comprador do produto brasileiro

O governo dos Estados Unidos confirmou, na última quinta-feira (20), a retirada do tarifaço de 40% que incidia sobre produtos agrícolas brasileiros. Entre os itens presentes na lista divulgada pela Casa Branca estão café, chá, frutas tropicais, sucos de frutas, cacau, especiarias, banana, laranja, tomate e carne bovina. A relação inclui ainda alimentos processados e bebidas, fertilizantes, além de minérios e minerais, combustíveis fósseis, petróleo e derivados.

A decisão, que finaliza uma escalada tarifária iniciada anteriormente, foi avaliada como positiva pelo presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo. "É uma ótima notícia para Minas Gerais. Nós exportamos muito café para os Estados Unidos. A retirada dos 10% e, agora, dos 40% vai nos dar uma condição de competitividade ainda maior”, destacou.

Mercado do café e da carne

Para o café, principal produto de exportação mineiro para o mercado norte-americano, a medida traz tranquilidade imediata ao produtor. “Dá uma garantia para o produtor mineiro comercializar a safra tranquilo, sem atropelos. Não precisa ter pressa de vender, será possível negociar melhor”, afirmou o presidente. Ele lembrou ainda que, embora o Brasil não enfrente grandes concorrentes diretos no fornecimento de café para os EUA, a remoção das tarifas assegura a previsibilidade do mercado.

A medida também é crucial para o complexo da carne, já que os Estados Unidos o segundo maior comprador do produto brasileiro, atrás apenas da China. "É uma notícia que dá tranquilidade para continuarmos negociando produtos importantes, com a carne bovina puxando a fila muito bem”, frisou De Salvo. Com o Brasil iniciando o período de safra após a entressafra, a estabilidade comercial com o segundo maior cliente global garante um horizonte seguro para o produtor rural.

Pressão interna

Antônio de Salvo analisou a decisão de Trump como fruto de pressão interna nos Estados Unidos. “São os americanos pensando nos americanos. Na prática, a retirada das tarifas é um movimento para acabar com um problema que ele (Trump) criou. Agora, estão corrigindo um impasse que impactava o próprio consumidor americano”, ressaltou.

Segundo o presidente do Sistema Faemg Senar, as tarifas não se sustentavam economicamente: o governo norte-americano não encontrou outros países para suprir a demanda por café e frutas, e a carne brasileira é mais vantajosa economicamente. “A carne americana custa mais do que a nossa. Então, é melhor para os americanos exportarem a produção deles e comprar a nossa carne mais barata”, explicou.

Confira a lista atualizada

Produtos ainda com tarifaço

  • Máquinas;
  • Motores;
  • Calçados;
  • Móveis;
  • Café solúvel.
  • Pescados;
  • Mel.

Produtos sem tarifaço

  • Carne bovina (todas as categorias);
  • Café (verde, torrado e derivados);
  • Frutas frescas, congeladas e processadas (incluindo laranja, abacaxi, banana, manga e açaí);
  • Cacau e derivados;
  • Especiarias (pimenta, gengibre, canela, cúrcuma etc);
  • Raízes e tubérculos (mandioca em todas as formas);
  • Sucos e polpas de frutas;
  • Fertilizantes (ureia, nitratos, potássicos, fosfatados).
Leia também

*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

Ouvindo...