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Com MG líder, 88% das operações do crédito rural brasileiro passam por cooperativas

Estado líder em instituições do segmento, repassou mais de R$ 1,3 bilhão em 2025

Organizações cooperativistas injetaram R$ 9,8 bilhões na economia de pequenos e médios produtores rurais

As cooperativas financeiras se consolidaram como a principal ponte entre o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o campo brasileiro. No Plano Agrícola e Pecuário 2025/2026, essas instituições foram responsáveis por um volume expressivo de 88% do total de operações de crédito rural disponibilizadas pelo BNDES no país, segundo dados divulgados pela instituição financeira.

Juntas, as organizações cooperativistas injetaram R$ 9,8 bilhões na economia de pequenos e médios produtores rurais, o que representa 69% do valor total repassado pelo banco de fomento no período.

“Para o pequeno produtor, o crédito rural é a ponte entre o planejamento da safra e a renda na porteira. Ele viabiliza insumos, maquinário, assistência técnica e comercialização, dá fôlego na entressafra e reduz a dependência de atravessadores”, destacou Ronaldo Scucato, presidente do Sistema Ocemg, entidade de representação das cooperativas em Minas Gerais.

MG lidera o repasse

Minas Gerais, que possui o maior número de cooperativas financeiras do Brasil (181), foi o principal mercado para essa modalidade. No estado, as cooperativas realizaram 4,9 mil operações de crédito rural, o equivalente a 89% do total estadual.

O montante repassado em Minas Gerais alcançou a marca de R$ 1,3 bilhão, representando 79% de todos os créditos rurais do país viabilizados via BNDES no ciclo.

O impacto econômico e social

De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), divulgada no AnuárioCoop 2025 (Censo cooperativista produzido pelo Sistema OCB), nos municípios com presença do cooperativismo de crédito, o valor da produção agrícola registra um acréscimo médio de R$ 466,3 por hectare (23,3% acima da média). Na pecuária, observa-se um aumento de 28,1% no rebanho de suínos e 36,8% no de galináceos por hectare, além de ganhos de R$ 1,3 mil por hectare em área plantada.

“Os números mostram que onde as cooperativas de créditos estão, vemos melhoria no campo. O resultado retorna em investimento local e apoio a quem produz. É assim que a comunidade ganha musculatura econômica sem perder a sua identidade”, disse Scucato.

O estudo OCB/Fipe mostra que a presença de cooperativas de crédito está ligada a:

  • Aumento de 24,2% nas matrículas no ensino superior (por mil habitantes).
  • Queda de 8,1% na média de famílias inscritas no CadÚnico.
  • Redução de 26,2% no número de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família.

“Quando o crédito tem dono com nome e endereço na comunidade, ele volta para a própria comunidade em forma de investimento, emprego e renda. Esse é o sentido do cooperativismo de crédito e do nosso crescimento consistente no país”, conclui Ronaldo Scucato.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde