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Morte por ‘falsa couve': veja como identificar se uma planta é própria para o consumo

EPAMIG dá dicas para reconhecer hortaliças como couve e taioba

Nicotiana glauca, a “falsa couve” é semelhante à hortaliça

Algumas plantas semelhantes a hortaliças comuns podem ser altamente tóxicas, como é o caso da nicotiana glauca, a “falsa couve” que causou a morte de uma mulher e deixou outros dois internados em Patrocínio, no Alto Paranaíba. Os casos recentes provocaram alerta à população.

“Algumas espécies de plantas silvestres ou pouco conhecidas podem conter substâncias tóxicas, como alcaloides, glicosídeos, oxalatos, nitratos e cianetos, capazes de causar intoxicações agudas ou efeitos crônicos, como danos ao fígado, rins e sistema nervoso”, explicou Juliana Maria, pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) na área de Hortaliças e Plantas Medicinais.

Segundo a pesquisadora, folhas de mandioca-brava, batata verde e certas plantas ornamentais são exemplos de espécies que contém substâncias tóxicas que podem ser letais. Além da toxicidade natural, há também riscos de contaminação química e microbiológica.

“Plantas desconhecidas, além do risco da identificação incorreta, podem não ter sido produzidas conforme as boas práticas agrícolas e higiênicas. Algumas espécies não cultivadas para alimentação podem acumular agrotóxicos, metais pesados ou poluentes do solo e da água”, alerta Juliana.

Como diferenciar?

Para isso, é necessário saber diferenciar as plantas. A pesquisadora da Epamig dá algumas dicas.

Por meio da observação de algumas características, espécies de hortaliças como a couve (Brassica oleracea) e a taioba (Xanthosoma sagittifolium) podem ser identificadas:

Couve

  • Pé: composto por várias mudinhas laterais.
  • Folhas: de até 40 cm, largas e arredondadas, de cor verde-escura e verso mais claro, com pecíolo longo, nervuras destacadas, talo grosso e carnudo.
  • Textura: superfície lisa ou levemente crespa, sem brilho e sem seiva leitosa.
  • Caule: reto e firme, sem pelos e manchas, cor verde ou arroxeado.
  • Cheiro: suave, semelhante ao de repolho e brócolis.
  • Dica: ao rasgar, a folha solta apenas seiva transparente. Não arde quando consumida ou colocada na pele, pode ser preparada crua ou refogada.

Taioba

  • Pé: possui um “falso caule” formado pela base das folhas, que podem chegar a mais de 1 m de altura.
  • Folhas: grandes, de 25 a 50 cm de comprimento, macias e presas por um talo grosso e oco. Verde escura na face superior e mais clara na inferior. A ponta da folha aponta para baixo e se assemelha a uma flecha. Ao redor, há uma linha que circunda toda a margem.
  • Nervuras: a principal nervura parte da base da folha, formando um “V” invertido
  • Caule: pecíolo longo de até 1m, verde ou arroxeado e com seiva aquosa.
  • Dica: nunca consumir crua, o cozimento atua para eliminar o oxalato de cálcio, o que causa ardência e inchaço na boca e garganta.
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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde