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Com café mais caro, 24% dos brasileiros reduziram o consumo, aponta estudo

Pesquisa foi realizada pelo Instituto Axxus, encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC)

Café está presente em 98% dos lares brasileiros

O café, que está presente em 98% dos lares brasileiros, enfrenta mudanças nos hábitos de consumo. Um dos fatores é o encarecimento do produto, segundo a pesquisa “Café – Hábitos e Preferências do Consumidor (2019–2025)”.

O estudo foi realizado pelo Instituto Axxus em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e o Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (NEIT) da UNICAMP, sob encomenda da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC).

Mudança nos padrões de consumo

O alto custo do café tem alterado a frequência com que os brasileiros consomem a bebida. O estudo mostra uma queda no consumo diário elevado:

  • O grupo que tomava mais de seis xícaras de café por dia recuou de 29% em 2019 (e 2023) para 26% em 2025.
  • Em contrapartida, a parcela da população que consome até duas xícaras por dia vem crescendo de forma constante: saiu de 8% em 2019 para 14% em 2025.

Preço redefine escolhas e comportamento

O aumento do preço também mudou a forma como o café é comprado e consumido. A busca pela opção mais barata disparou: quase quatro em cada dez consumidores (39%) afirmaram optar pelo produto com o menor preço, um crescimento expressivo em relação aos 16% registrados em 2023. A fidelidade às marcas está sendo substituída pela prioridade ao menor valor.

Nas cafeterias, o impacto é semelhante: a frequência de consumo caiu de 51% em 2023 para 39% em 2025. Os principais motivos citados para essa queda de movimento são os preços elevados, a qualidade inconstante da bebida e o mau atendimento. Assim, para muitos brasileiros, preparar o café em casa se tornou a alternativa mais viável, oferecendo custo, conforto e conveniência.

Tradição em transformação

Apesar das mudanças, a pesquisa mostra que o café ainda é um dos símbolos culturais mais fortes do país, consumido por 98% da população. O selo de qualidade da ABIC permanece como referência positiva para 87% dos entrevistados, e o consumo matinal “ao acordar” segue praticamente universal. O que se observa é uma transformação nos hábitos de consumo. A bebida se mantém como sinônimo de sociabilidade, prazer e energia, mas, agora, com escolhas mais criteriosas e, muitas vezes, mais econômicas.

O levantamento, realizado em setembro de 2025, entrevistou 4.200 pessoas em todas as regiões do país, por meio de questionários presenciais aplicados com rigor metodológico. O objetivo foi compreender como e por que os brasileiros estão alterando seus hábitos de consumo de café, em um contexto marcado pela alta expressiva dos preços do produto nos últimos dois anos.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde