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Veja os 10 produtos do agro que somam US$ 15 bilhões nas exportações de abril

Resultado reflete a combinação entre preços internacionais mais altos e leve retração no volume embarcado

Confira o volume exportado em abril

O Brasil exportou US$ 15,03 bilhões em produtos do agronegócio, em abril, um crescimento de 0,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado. O resultado reflete a combinação entre preços internacionais mais altos e leve retração no volume embarcado.

O desempenho do mês foi impulsionado pela valorização de produtos como café e celulose, enquanto a soja em grãos, principal item da pauta, teve forte volume exportado, mas ainda sentiu a pressão dos preços internacionais em queda.

Dados mostram avanço em itens como miudezas de carne, sebo e óleo de milho, reflexo da estratégia de diversificação adotada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Foram 15,27 milhões de toneladas embarcadas, o segundo maior volume da série histórica para abril. No entanto, a receita ficou em US$ 5,9 bilhões, influenciada pela queda de 9,7% no preço médio da tonelada. Mesmo com o recuo da soja em valor, outros produtos se destacaram, como o café verde, que alcançou US$ 1,25 bilhão, maior valor já registrado para o mês, graças à valorização do grão no mercado internacional.

10 principais produtos

Os dez principais produtos de exportação do agronegócio brasileiro representaram 81,1% do valor total exportado pelo setor em abril de 2025 (US$ 12,18 bilhões). Veja os principais produtos.

  • Soja em grãos: principal produto de exportação do agronegócio brasileiro respondendo, neste mês de abril de 2025, por quase 40% do valor total exportado pelo setor. As exportações brasileiras de soja em grãos atingiram o segundo melhor volume de toda a série histórica, registrando 15,27 milhões de toneladas embarcadas em abril de 2025 (+4,0%). O volume só foi suplantado pelos embarques de maio de 2025, que chegaram a 15,58 milhões de toneladas.
  • Café verde: exportações voltaram a suplantar a cifra de um bilhão de dólares nesse mês de abril, chegando a US$ 1,25 bilhão (+36,3%), valor recorde para os meses de abril e que colocou o café verde como o segundo principal produto de exportação do agronegócio em abril de 2025. A forte elevação dos preços internacionais do produto fez com que os preços médios de exportação do café verde brasileiro dobrassem na comparação com o mesmo período do ano anterior (+100,2%). Apesar dos preços elevados, houve uma redução do volume exportado, que caiu 31,9% saindo de 254,1 mil toneladas para 173,1 mil toneladas.
  • Carne bovina in natura: vendas externas de carne bovina in natura bateram recorde de valor e volume exportado nesse mês de abril de 2025, chegando a US$ 1,22 bilhões (+29,1%) ou um valor equivalente a 241,6 mil toneladas exportadas (+16,3%).
  • Farelo de soja: Brasil registrou US$ 788,0 milhões em embarques de farelo de soja. O montante significa uma queda de 10,6% em comparação aos US$ 881,8 milhões exportados no mesmo mês do ano de 2024. A redução ocorreu em função da queda de 13,3% no preço médio de exportação. O volume exportado, por sua vez, teve expansão de 3,1%, chegando a 2,2 milhões de toneladas.
  • Carne de frango in natura: na quinta posição dentre os principais produtos exportados pelo agronegócio apareceu a carne de frango in natura, com embarques de 407 mil toneladas (-11,4%) ou o equivalente a US$ 777,01 milhões (-6,7%). A queda nas exportações ocorreu devido a redução da demanda em diversos mercados: China (-24,7 mil toneladas); África do Sul (-7,4 mil toneladas); Japão (-5,7 mil toneladas); Qatar (-5,3 mil toneladas) e Hong Kong (-4,8 mil toneladas). A União Europeia, por outro lado, contrabalançou a queda da demanda em outros mercados, aumentando a demanda em 7,1 mil toneladas.
  • Celulose: embarques caíram de US$ 817,0 milhões em abril de 2024 para US$ 765,3 milhões em abril de 2025 (-6,3%). A queda ocorreu em função da redução do volume exportado, que chegou a 1,53 milhão de toneladas (-8,6%). Por outro lado, compensando em parte a queda do volume exportado houve elevação do preço médio de exportação em 2,5%.
  • Açúcar de cana em bruto: exportações em bruto diminuíram 20,2%, ficando em US$ 617,8 milhões. A queda é fruto da diminuição do volume exportado (-248,0 mil toneladas; -15,2%) e, também, do preço médio de exportação (-5,7%).
  • Algodão não cardado e não penteado: exportações de algodão não cardado nem penteado foram de US$ 389,1 milhões (-17,8%). O resultado foi impactado pela redução dos preços internacionais do algodão, influenciados principalmente pela maior produção chinesa de algodão e, consequente, menor demanda da China por importações. Ademais, estima-se, também, uma redução das importações da Indonésia.1 Neste contexto, a China diminuiu as aquisições de US$ 143,1 milhões em abril de 2024 para US$ 19,0 milhões em abril de 2025 (-86,7%).
  • Carne Suína in natura: foram exportados US$ 276,6 milhões desse tipo de carne. O principal importador brasileiro foi a Filipinas, que teve o rebanho de suínos muito assolado pela Peste Suína Africana (PSA) nos últimos cinco anos. Em abril de 2025, as Filipinas importaram US$ 62,9 milhões (+89,5%). Mais quatro mercados importaram mais que US$ 20 milhões: Hong Kong (US$ 28,1 milhões; +79,5%); China (US$ 26,1 milhões; -35,3%); Japão (US$ 24,9 milhões; +11,7%) e Chile (US$ 22,5 milhões; +24,3%).
  • Suco de laranja: produção brasileira de laranja foi afetada pelas condições climáticas adversas em 2024. Neste ano de 2025, estima-se um aumento da produção brasileira2, fato que ajudará no aumento da produção de suco de laranja. Neste contexto, as exportações brasileiras cresceram 11,8% em quantidade em abril de 2025, atingindo 156,5 mil toneladas e US$ 198,7 milhões (+17,5%). Os Estados Unidos e a União Europeia foram os principais importadores, com US$ 97,6 milhões (+201,0%) e US$ 77,0 milhões (-15,8%), respectivamente.
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Preços e destinos

Em abril de 2025, o índice de preço dos alimentos da FAO subiu 1,2 pontos (+1%) quando comparado com março. Houve aumento dos preços dos cereais, lácteos e carnes, variações que suplantaram a queda dos preços do açúcar e dos óleos vegetais. Na variação anual, abril de 2025 em comparação com abril de 2024, houve aumento de 7,6%.

A China manteve-se como principal destino do agro brasileiro, com US$ 5,5 bilhões em compras em abril. Mais de 75% desse valor foi gerado pelas exportações de soja em grãos. A União Europeia aparece na sequência, com US$ 2,2 bilhões, mantendo crescimento estável e ampliando as compras de itens com maior valor agregado, como café solúvel, óleo essencial de laranja e carne de frango.

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde