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Referência em cafés especiais, cafeicultora mineira destaca papel das mulheres no agro

No mês da lutas das mulheres, a data também abre espaço para lembrar de referências; a cafeicultora Altilina Lacerda é uma dos símbolos do agro mineiro

Cafeicultora Altilina Lacerda e sua família na 21ª edição do Concurso Qualidade dos Cafés de Minas, realizado pela Emater-MG

O Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8 de março, é uma data importante que representa a luta diária por uma sociedade igualitária. Em busca de reconhecimento das milhões de figuras femininas a data também abre espaço para lembrar de referências. No agro, uma delas é a cafeicultora mineira Altilina.

Aos 46 anos, Altilina Lacerda se define como mineira, ‘da roça mesmo’, e imersa no café desde sempre. Em 2009, a vida de sua família deu um salto com a produção de cafés especiais. Graças à dedicação de todos e à assistência técnica da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), o grão chega, hoje, a incríveis 92 pontos, numa escala de 100 em que o mínimo para ser considerado especial é 80.

‘A história da Emater-MG com a Altilina e sua família começou há bastante tempo. Na verdade começou com o sogro dela, o senhor Onofre Lacerda quando ele ainda produzia cebolas e ainda não era produtor de café. Ele foi bicampeão do nosso concurso no ano passado’, conta Bernardino Cangussu, coordenador de Cafeicultura da Emater-MG.

Também na 21ª edição do Concurso Qualidade dos Cafés de Minas, ao lado do sogro e da fampilia premiada, Altilina conquistou o 1° lugar na categoria do Café Cereja Descascado, Despolpado ou Desmucilado da região Matas de Minas.

‘A Altilina sempre se destacou muito nos projetos e eu acho que a grande característica que a Emater sempre fomenta é formação de lideranças rurais, o empoderamento do produtor para que ele receba as informações da assistência técnica e mas que possa caminhar com as próprias pernas. E a gente fica muito feliz de ver as mulheres, principalmente na figura da Altilina, muito bem representada. Uma agricultora familiar que hoje é uma referência na produção de cafés especiais e sustentáveis’, ressalta Cangussu.

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Encarar desafios

Para Altilina, é tudo um sonho realizado. Ela estudou até a 4ª série, mas nunca deixou de aprender - a força de vontade é a receita para vencer. ‘Fiz cursos de q-grader, de torra e de empreendedorismo para conhecer meu café e entender nosso negócio. Sempre tive muita vontade de aprender, isso valeu muito’, conta.

O apoio que sempre teve do marido, parceiro de todas as horas, foi fundamental; mas o principal conselho para as mulheres é confiarem em si mesmas, não ter medo de encarar nada.

Evolução

A família está à frente do Sítio Forquilha do Rio, em Espera Feliz, na Zona da Mata mineira. A produção de café caminhava sem muitas ambições, até que a Emater-MG iniciou o atendimento da fazenda visando café especial. Altilina e Afonso contam que o ganho de qualidade começou com a adoção da colheita seletiva, que é a separação dos grãos maduros.

‘Também nos orientaram a trabalhar com estufa, que é o terreiro coberto com lona, e com o terreiro suspenso, feito com um sombrite elevado por madeiras. Além disso, mexemos os grãos de hora em hora’, detalha Altilina. ‘Os técnicos deram uma ajuda muito grande, nosso café melhorou demais. Se não fosse por eles, não teríamos vencido todos esses concursos’, afirma.

Outro sucesso da família é a Cafeteria Onofre, que surgiu na cozinha da fazenda. ‘Em 2015, resolvi servir um cafezinho em casa, porque as pessoas vinham comprar café e queriam comer alguma coisa. Funcionamos de forma meio improvisada até 2018, mas o local já não comportava tanta gente’, relembra. Então, ela e o marido construíram um outro espaço. No cardápio, delícias como bolos recheados, sanduíches e até macarrons.

*Com informações de Janaina Rochido, da Seapa

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde