Pesquisa desenvolve tecnologia inédita com fungos para controle da mosca-branca

Parceria entre Efense e Embrapa aposta na fermentação líquida para ampliar uso de bioinsumos no campo

Projeto é fruto de uma parceria entre a Efense e a Embrapa Meio Ambiente, iniciada oficialmente em 2021

Uma pesquisa inédita no país está desenvolvendo uma tecnologia para produção de fungos por fermentação líquida submersa. A inovação é uma das alternativas mais promissoras para o controle biológico da mosca-branca, uma das pragas mais difíceis de se manejar na agricultura brasileira. O projeto é fruto de uma parceria entre a Efense e a Embrapa Meio Ambiente, iniciada oficialmente em 2021.

O acordo tem como foco a produção de C. javanica e B. bassiana, ambas cepas bioprospectadas pela Embrapa. A companhia goiana já dispõe de infraestrutura consolidada para produção de bactérias (cerca de 60 mil litros por mês), mas a fabricação de fungos exige biorreatores menores e ciclos mais longos, o que limita o volume a cerca de 7 a 8 mil litros mensais.

Mesmo assim, a parceria conseguiu validar a tecnologia em diferentes escalas, passando de biorreatores de 10 litros para biorreatores de até mil litros, com elevada concentração de blastosporos, estrutura fúngica produzida especificamente pela fermentação líquida.

A mosca-branca

A mosca-branca é uma praga de difícil controle, sobretudo quando se depende apenas de químicos. Pesquisas de Mascarin demonstraram que Cordyceps e Beauveria apresentam bons resultados no manejo do inseto, mas o grande diferencial veio com o desenvolvimento da fermentação líquida, capaz de produzir blastosporos com maior eficiência biológica.

A Efense passou então a apoiar os estudos com o objetivo de registrar e lançar no mercado um produto comercial à base dessas estruturas. Atualmente, não há nenhum bioinsumo com blastosporos registrado no Ministério da Agricultura, o que pode fazer da empresa a primeira a colocar esse tipo de tecnologia à disposição dos produtores.

Os testes de campo realizados em propriedades e estações experimentais têm mostrado forte redução da população de mosca-branca, indicando potencial para ampliar produtividade e diminuir perdas causadas pela praga. O próximo desafio da equipe é aprimorar a formulação para aumentar o tempo de prateleira dos produtos, hoje menor que o observado nos fungos produzidos em fermentação sólida tradicional. A previsão é concluir essa etapa e solicitar o registro ao Ministério da Agricultura, visando ao lançamento comercial conjunto com a Embrapa em 2027.

Pesquisa da Embrapa

A pesquisa da Embrapa Meio Ambiente com o uso da fermentação líquida submersa como alternativa mais rápida, sustentável e econômica para produção de bioinsumos fúngicos está bastante avançada. O processo permite controle rigoroso das condições de cultivo, maior eficiência na multiplicação dos microrganismos e produção em larga escala, além de possibilitar o uso de diferentes tipos de propágulos, como blastosporos, conídios, micélio e microescleródios. A tecnologia pode ser aplicada ao desenvolvimento de bioinseticidas, bioestimulantes e agentes de controle biológico para diversas culturas, incluindo soluções para pragas como a cigarrinha-do-milho.

Com a parceria, Efense e Embrapa buscam não apenas oferecer um novo instrumento de manejo, mas também fortalecer a adoção de insumos biológicos em sistemas agrícolas, ampliando alternativas para reduzir o uso de químicos e promover práticas mais sustentáveis no campo.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde

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