A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Luiz Gonzaga (RS), deflagrou a ‘Operação Piratas do Agro’ em combate ao comércio de sementes falsificadas e pirateadas nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia e Minas Gerais. (Entenda como era o esquema criminoso ao longo da matéria).
De acordo com a PCRS, uma quadrilha pintava sementes de milho e soja de baixa qualidade para vender mais caro. ‘Os prejuízos já alcançam R$ 20 milhões. Duas safras foram completamente perdidas’, afirma Delegado Heleno dos Santos, titular da Draco à Itatiaia.
Investigação
Segundo o delegado, a investigação teve início quando uma grande cooperativa de São Luiz Gonzaga (RS) noticiou uma fraude que lesou diversos agricultores na região.
De acordo com o relato, um corretor de sementes da cidade ofertou duas cargas com 1500 sacas de milho de alto rendimento, que foram adquiridas e revendidas a diversos produtores da região.
No entanto, a safra foi totalmente perdida porque os grãos eram pintados com Pó Xadrez - um pigmento à base de óxido de ferro indicado em argamassas de revestimentos de paredes, concretos, entre outros.
As investigações comprovam que um grupo de empresários do ramo agrícola do estado gaúcho e da Bahia se uniram para ‘transformar os grãos’.
‘As sacas usadas na falsificação imitavam de forma quase perfeita as sacas originais – eram falsificadas em São Paulo e na Bahia, em gráficas que são alvo de buscas. Depois de ensacadas, as falsas sementes eram transportadas em caminhões do grupo criminoso até o RS e outros estados (MS, MT e RS), onde eram revendidas a pessoas físicas e jurídicas do ramo agrícola’.
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O esquema também contava com representantes comerciais e corretores, que procuravam as cooperativas e produtores vítimas, intermediando as vendas. As atividades comerciais ilícitas ultrapassavam as fronteiras do RS e BA, abrangendo SP, MG, MT, DF, TO, GO e outros estados.
Prejuízo milionário
Os criminosos causaram R$ 2 milhões de prejuízo em apenas uma negociação ilícita, além de 13 milhões em movimentações bancárias em 15 meses. Os suspeitos lucravam mais de R$ 1.000 reais por saca de milho falsificado, sendo que uma carga rendia, em média, R$ 1.800.000,00.
Prisões e apreensões
A operação ocorreu simultaneamente nesta quarta-feira (4) nos quatro estados, mobilizando 120 policiais e 15 fiscais agropecuários. Como resultado, duas pessoas foram presas, sendo uma em Luís Eduardo Magalhães (BA) e outra em São Luiz Gonzaga (RS).
Ao todo, foram cumpridos:
- 41 mandados de busca e apreensão em residências e empresas;
- 33 mandados de busca e apreensão de veículos;
- 18 bloqueios de contas bancárias, sendo 10 pessoas físicas e 8 pessoas jurídicas.
Além disso, foram apreendidos 35 veículos e documentos.
*Sob supervisão de Marina Borges.