O presidente da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais, Antônio Pitangui de Salvo, lamentou a decisão do Carrefour francês de manter a suspensão da importação de carne do Mercosul. O Ceo global do grupo, Alexandre Bompard, enviou uma carta de retratação ao governo brasileiro após a repercussão negativa causada pelas críticas à carne brasileira, no entanto, reafirmou o veto.
“É uma pena e quem perde são eles. A França importa 0,0 2% da nossa carne bovina. Então, isso não significa nada, não haverá qualquer impacto pra gente. Cada um tem o CEO que quer e essa pessoa, infelizmente, desconhece a realidade da pecuária brasileira que é uma atividade totalmente sustentável, chamada ‘pecuária do boi verde’, com o melhor manejo possível e o melhor bem-estar animal do mundo. Então, é o que disse nosso ministro Carlos Fávaro: se nossa carne não serve para os franceses comerem, também não serve para os brasileiros. Por isso, apoiamos o boicote às lojas do Carrefour no Brasil”.
De acordo com Salvo, nosso país tem condições de fornecer proteína vermelha para o mundo inteiro. Atualmente, exportamos 25% da nossa produção. O presidente entende que a decisão da rede de supermercados francesa é protecionista, com o intuito de valorizar os produtores locais. “Quanto a isso, tudo bem. Dá pra entender. Só não vamos aceitar que venham macular a qualidade e a sustentabilidade da nossa pecuária com informações, no mínimo, desconhecidas. E se a União Europeia exagerar nesse protecionismo, vai passar necessidade no real sentido da palavra. Eles já estão no limite de produção, já desmataram tudo o que podiam no passado. Não têm a quantidade de reserva legal necessária e querem nos ensinar o que é ser sustentável. Nós não vamos aceitar isso. Nossa pecuária é uma pecuária de boi que come capim e que faz a fotossíntese, o que é bom para o meio ambiente”.
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Oferta de carne é garantia de segurança alimentar
Ele lembrou ainda que a carne vermelha melhora a saúde das pessoas que precisam de nutrientes e é uma garantia de segurança alimentar. “Vamos continuar confiando na nossa pecuária e mostrando o quanto somos sustentáveis. Se o acordo do Mercosul não servir, não tem problema, temos que conversar de forma ainda mais equilibrada para continuarmos tendo um bom relacionamento com a União Europeia e com os franceses. Se, contudo, a França não nos quiser. Certamente haverão outros compradores. Já abrimos todo o mercado da Àsia e estamos aumentando, cada vez mais, a nossa exportação. Vamos continuar sendo atacados e vamos continuar confiando no trabalho que fazemos”.