A carne vermelha que, historicamente, sempre foi a preferida dos brasileiros, anda perdendo espaço para as carnes de frango e porco. De acordo com a Conab, o consumo, que era de 34 quilos por pessoa em 2018, passou para apenas 26 quilos por pessoa no ano passado. Ao mesmo tempo, gráficos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), mostram uma estabilidade no consumo da carne de frango, estando hoje em 45,2 por pessoa/ano e um aumento considerável no consumo de suínos saindo de 14,9 em 2012 para 18 kg por pessoa/ano em 2022.
Preocupada com isso e, aproveitando o embalo da queda de 3,16% nos preços da carne vermelha, entre abril e janeiro desse ano, a Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) está lançando uma campanha de esclarecimento a respeito dessa cadeia produtiva e de incentivo ao consumo da carne vermelha. A mobilização, que adotou o slogan “Carne bovina: é boa, é sustentável, é mineira”, será realizada ao longo de três meses, com inserções em diferentes veículos e plataformas de comunicação, como redes sociais, jornais e emissoras de rádios e TV.
O projeto foi idealizado pelo presidente da Comissão de Pecuária de Corte do Sistema Faemg, Nabih Amin El Aouar, que é pecuarista e médico. “Apesar de seu já conquistado prestígio, é necessário ressaltar constantemente aos consumidores a importância da proteína em suas dietas e fazer as pessoas conhecerem sua relevância nutricional e procedência” afirma El Aouar.
O intuito da campanha é levar à população e aos consumidores, em geral, informações sobre a cadeia produtiva e todo o trabalho desenvolvido por pecuaristas, técnicos, pesquisadores, entidades de classe, indústria frigorífica e pelo setor varejista de carne. “Queremos valorizar o trabalho do pecuarista, bem como o consumo de carne bovina, abordando diversos aspectos desse mercado, da produção até a chegada do alimento à mesa do consumidor”, explica o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio Pitangui de Salvo.
A instituição também quer ajudar a desmistificar alguns pontos da cadeia de produção como a crença de que seja uma das atividades que mais contribui para o aumento da emissão dos gases de efeito estufa. O zootecnista e analista de Assistência Técnica e Gerencial do Sistema Faemg Senar, Rafael Moreira Rocha reconhece que “a pecuária de corte é uma das atividades mais atacadas, principalmente no que diz respeito ao meio ambiente”. Segundo ele, tem-se a ideia de que o desmatamento é feito por causa dessa atividade, mas esquecem-se de salientar que a pecuária de corte consegue produzir em solos degradados ou em condições muito adversas, o que é bom para o meio ambiente, pois evita a necessidade de se explorar outras áreas.
Produtores ajudam a preservar o meio ambiente
Dados levantados pela Embrapa Territórios, demonstram que 66% do território brasileiro é preservado, sendo que 25,6% são áreas preservadas em propriedades particulares de produtores rurais, 30,2% são ocupados pela agropecuária e 21,2% por pastagens. Em resumo, dois terços do país é preservado e um quarto de todo território é preservado por capital privado de agricultores e pecuaristas.
Carne vermelha tem mais proteína
Uma vantagem da carne vermelha em relação à carne de frango é a quantidade de proteína por grama. De acordo com o site Nutritotal, especializado em nutrição humana, um bife de 100 gramas de “patinho” possui 34,2 proteínas por grama, enquanto que um bife de peito de frango, do mesmo tamanho, possui 31,8 proteínas por grama.
Fatores que podem estar contribuindo para a queda no consumo:
Preços mais altos em relação às carnes de frango, peixe e porco;
Desinformação sobre a carne vermelha e sua cadeia produtiva;
Mitos que envolvem o alimento como o de que pode causar doenças, como o câncer de intestino e elevação do nível de colesterol no sangue;
Mito de que é uma das atividades econômicas mais poluidoras em função da emissão de gases metanos (via intestinal) dos bovinos;
Até é, mas a maior parte dos pecuaristas já se preocupa em reduzir essa emissão de metano mexendo na dieta dos animais e diminuindo o tempo para o abate;
Além disso, vale lembrar que o maior responsável pelo excessivo aquecimento global é o gás carbônico emitido por fábricas e carros.