No Dia Internacional do Arroz - comemorado hoje (31) - Minas tem motivos de sobra para comemorar: a safra mineira do grão aumentou sua área plantada em 470%, passando de 3 mil hectares para 18 mil. Os dados do Instituto Brasleiro de Geografia e Estatística (IBGE) são confirmados pela pesquisadora da Epamig, Janine Guedes. Segundo ela, a procura por sementes e técnicas para o plantio do arroz de terras altas - também chamado de arroz de sequeiro - está em franca expansão.
Para se ter uma ideia, em 2023, Minas ocupava o 18º lugar no Ranking Nacional e, menos de um ano depois, já passou à 11ª posição. Um dos principais motivos é o alto preço do grão. Segundo a Esalq, a saca de 50 kg saltou de R$ 90 no ano passado para R$ 120 esse ano, chegando a R$ 170,00 na entressafra.
“Do ano passado pra cá, grandes produtores da região de Unaí e Paracatu começaram a utilizar sementes melhoradas com o sistema de pivô. Ou seja, eles estão trabalhando com arroz de sequeiro irrigado, o que também contribui para o incremento da safra porque a irrigação aumenta a produtividade por hectare”, explicou a pesquisadora.
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Trinta e oito UD foram implantadas no Estado
No ano passado, Janine coordenou a implantação de 38 Unidades Demonstrativas de arroz de sequeiro no Campo das Vertentes, sul de Minas e Vale do Jequitinhonha. O objetivo foi levar a tecnologia de produção aos pequenos produtores para que eles estejam aptos a oferecer o grão para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
O sucesso foi tanto que outros 103 produtores solicitaram a implantação do mesmo sistema em suas propriedades, através de uma parceria entre a Epamig e a Emater-MG. “Como não é possível atender a todos de uma vez, o trabalho será dividido: metade esse ano e a outra metade, em 2025, com prioridade para as regiões Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha”, disse Janine.
Sementes rendem de 5 a 6 mil quilos de arroz por hectare
Na semana passada, ela esteve no município de Comercinho, na divisa com a Bahia, onde implantou dez UDs de arroz de sequeiro orgânico em propriedades de agricultores familiares. “Eles estão muito animados. Já cultivavam arroz, antes, a um bom preço - R$ 10,70 o quilo - só que a produtividade era muito baixa: cerca de 1000 kg/hectare. Agora, entregamos a eles, sementes que produzem de 5 a 6 mil quilos por hectare; o que deve melhorar bastante a renda”. Segundo a pesquisadora, esse ano, a Epamig vai instalar, em parceria com a Emater-MG e a UFLA (Universidade Federal de Lavras), 50 UDs de arroz esse ano. O restante ficará para 2025. Com isso, as perspectivas para a próxima safra são as melhores possíveis, devendo crescer muito mais do que os 470% desse ano. Outra vantagem do arroz de sequeiro, segundo Janine, é que ele é mais sustentável, necessitando de menos água em seu processo produtivo.