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IMA coordena força-tarefa contra o greening no sul estado; entenda

Técnicos estão visitando as propriedades para ajudar a identificar sinais da doença transmitida por um psilídeo; planta afetada precisa ser eliminada

Os sintomas do greening podem ser vistos durante o ano todo, com maior frequência entre o final do verão e o início da primavera.

Preocupado com o avanço do Greening na citricultura (limão, laranja e mexerica) no estado, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) está coordenando uma Força-Tarefa em Campanha, no Sul de Minas, principal polo produtor de citrus do Estado. Técnicos estão indo às propriedades identificar a doença e notificar produtores, dando um prazo para as regularizações. A ação teve início na última segunda-feira (18) e conta com o apoio de associações, sindicatos e prefeitura municipal.

O que é a doença?

O greening, inicialmente chamado de “doença do ramo amarelo”, e posteriomente huanglonbing (HBL), doença do dragão amarelo, é considerada a doença dos citros de maior importância no mundo, em função da dificuldade de controle, da rápida disseminação e por ser altamente destrutiva. O primeiro relato da doença foi feito da China, em 1919, espalhando-se daí para países da África e Oceania. No início do século 21, foi detectada no continente americano, exatamente nos dois países e estados maiores produtores de citros: os Estados Unidos (Flórida) e o Brasil (São Paulo) onde foi relatada em Araraquara em 2004, estando hoje em mais de 100 municípios produtores.
O Greening é transmitido por um vetor, um psilídeo - inseto espécie de mini-cigarra de cerca de três milímetros. A bactéria ataca os vasos principais da planta e, por isso, se distribui muito rápido. Assim, a poda não é suficiente para que o vegetal sobreviva. Quando atacada pelo Greening, a planta precisa ser erradicada e, por esse motivo, tem dizimado pomares ao longo dos anos.

IMA estabeleceu dez metas

Por isso, preocupado com a gravidade da doença e os inúmeros prejuízos que causa, todos os anos, o Instituto elaborou em 2023, um projeto piloto para a região Sul do estado reunindo produtores rurais, prefeituras e órgãos correlatos ao assunto, como Emater e Epamig, e estabeleceu dez metas.

O resultado desta primeira etapa foi a regularização de mais de trinta produtores rurais de citros da região, que realizaram seus cadastros no IMA. Durante a ação, não foi lavrado nenhum auto de infração. Além de ser obrigatório por lei, o cadastro no IMA permite que o órgão monitore as produções no estado e, assim, consiga conter possíveis focos da doença.

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Triângulo e sul de Minas estão entre as regiões mais afetad

Os frutos de ramos com sintomas do greening não amadurecem normalmente, adquirem uma coloração verde clara manchada e caem precocem

Estão entre as áreas com maior incidência do Greening, o Triângulo Mineiro, o Sul de Minas, o Alto Paranaíba, a Zona da Mata e a região Central do estado. A cidade de Belo Vale, na região Central, é a que mais sofre por ser grande produtora de tangerina.

Controle tem que ser feito com Agrotóxico

O controle do vetor da doença pode ser feito com a aplicação de agrotóxicos nos pomares. O produto deve ser indicado por um engenheiro agrônomo por meio do receituário agronômico, que deve acompanhar a aplicação, como exige a legislação.
A recomendação oficial é que o produtor vistorie seu pomar de forma recorrente. Para isso, o produtor deve contratar um engenheiro agrônomo que tenha passado pelo curso de CFO, ministrado pelo IMA.

A cada seis meses, o produtor deve enviar ao órgão um relatório com as informações desta vistoria. O relatório referente ao primeiro semestre deve ser enviado até 15 de julho e as do segundo semestre, até 15 de janeiro do ano subsequente.

Impactos no setor são enormes

O impacto da presença do Greening na produção citrícola é grande. O fruto, tanto para indústrias, quanto para a mesa do consumidor, não tem saída no mercado. Não é possível acabar com a doença, porém é possível, por meio do monitoramento das plantações, diminuir a incidência da praga e as perdas dos produtores.

Para se ter uma ideia, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2022, o setor citrícola brasileiro movimentou mais de R$ 14 milhões. No mesmo ano, Minas Gerais foi responsável por pouco mais de R$ 1 milhão, sendo o segundo maior produtor de laranja do país, ficando atrás, apenas, de São Paulo com quase R$ 11 milhões.

Segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), em 2023 o cinturão citrícola, composto por São Paulo, Triângulo Mineiro e Sudoeste de Minas, produziu o equivalente a 314 milhões de caixas de laranja. A previsão para 2024 é de 307 milhões de caixas da fruta, uma queda de 0,7%. Ainda segundo o Fundecitrus, a incidência do greening é, também, um dos fatores que explicam a baixa na estimativa de produção deste ano.

Doença pode permanecer assintomática por meses

Um dos maiores riscos do Greening é que a planta pode permanecer assintomática pelo período de seis meses a dois anos, dificultando a detecção da doença.

Quando se manifesta, ela pode ser identificada por ramos mais amarelados, o que os técnicos chamam de mosaico, onde é possível identificar diversas colorações de verde dentro de uma mesma folha de forma simétrica nos lados direito e esquerdo. Já no fruto, há uma deformação em que um dos lados fica maior que o outro e as sementes estão abortadas.

Vetor prefere folhas mais jovens

Uma outra característica da doença é a preferência dos vetores por folhas mais jovens, por isso, o período de chuvas, quando há mais brotos, é o mais propício para a contaminação. Se o período de maior contaminação pelo HLB (outro nome do Greening) é o período chuvoso, o que mais se percebe a doença é o período de seca, quando a planta, em estado de estresse, consegue mostrar os sintomas com maior facilidade.

O trânsito de vegetais é uma das grandes preocupações do IMA, pois as mudas contaminadas, quando transportadas de um lugar para o outro, podem disseminar a doença. A doença se alastra pelo chamado “efeito raio”, que, a partir de um ponto central, atinge o entorno das plantações por meio da disseminação natural, ou seja, o psilídeo instalado em determinado local voa e procura outras áreas próprias para sua instalação.

Em áreas em que não há histórico da doença, o produtor deve procurar o IMA imediatamente. Se o diagnóstico for positivo, o órgão comunica a toda a cadeia produtiva da região para que todos adotem as medidas sanitárias necessárias.

Produtores que vão trazer mudas de outros estados do Brasil devem, antes, entrar em contato com o IMA e solicitar autorização.

(*) Com informações do IMA.

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.