Saiba quais são os ‘superalimentos’ brasileiros que se destacam dentro e fora do país

Açaí, castanha-do-pará e sabugueiro impulsionam economia, saúde e preservação da floresta

Açaí: o pequeno fruto roxo ganhou o mundo graças ao seu valor nutricional. Sua polpa pura é fonte de antioxidantes, vitamina E e minerais importantes para o metabolismo

Os superalimentos brasileiros estão conquistando espaço no mercado nacional e internacional, unindo benefícios à saúde, geração de renda e preservação ambiental. Dados da Embrapa mostram que apenas o extrativismo da castanha-do-pará movimenta ao menos R$ 130 milhões por ano no Brasil. O valor expressivo revela apenas parte do potencial econômico de alimentos nativos ricos em nutrientes e cada vez mais valorizados pela ciência.

O termo superalimento é usado para definir produtos naturais com alta concentração de vitaminas, minerais, antioxidantes e compostos bioativos. No Brasil, a biodiversidade da Amazônia e de outros biomas oferece uma ampla variedade desses alimentos, consumidos há séculos por comunidades tradicionais e hoje reconhecidos por estudos científicos.

Açaí

Entre os superalimentos mais conhecidos está o açaí. Originário da Amazônia, o fruto da palmeira Euterpe oleracea é produzido majoritariamente no Pará, responsável por cerca de 95% da produção nacional. O pequeno fruto roxo ganhou o mundo graças ao seu valor nutricional.

Pesquisas da Universidade Federal de Uberlândia, publicadas em revista da Sociedade Brasileira de Cardiologia, indicam que a antocianina presente no açaí pode ajudar a reduzir a pressão arterial ao favorecer a dilatação dos vasos sanguíneos. Especialistas alertam, no entanto, que o consumo deve ser feito sem adição de açúcar ou outros ingredientes para preservar seus benefícios.

A polpa pura do açaí é fonte de antioxidantes, vitamina E e minerais importantes para o metabolismo, com baixo teor de
gordura. Quando consumido de forma adequada, o alimento pode contribuir para a saúde cardiovascular.

Castanha-do-pará

Outro símbolo da floresta amazônica é a castanha-do-pará, também chamada de castanha-do-brasil. O alimento se destaca pela alta concentração de selênio, mineral essencial para o funcionamento do organismo e associado à proteção das células nervosas.

Leia também

Estudos apontam relação entre o consumo adequado de selênio e a prevenção de doenças neurodegenerativas, além de possíveis efeitos positivos contra alguns tipos de câncer. A castanha também fornece magnésio, potássio, gorduras saudáveis, fibras e vitamina E.

Especialistas recomendam moderação. Uma a três castanhas por dia são suficientes para suprir as necessidades diárias de selênio. O consumo excessivo pode causar efeitos adversos.

Pesquisas recentes com mulheres com sobrepeso mostraram que o consumo regular de castanha-do-pará aumentou os níveis de selênio no organismo e melhorou marcadores antioxidantes e inflamatórios, reforçando seus benefícios à saúde cardiovascular.

Sabugueiro

Menos conhecido, o sabugueiro vem chamando atenção pelo seu potencial medicinal e econômico. A planta, de origem europeia, adaptou-se bem a regiões serranas do Sul e Sudeste do Brasil. Seu uso medicinal é reconhecido por órgãos reguladores e pela Anvisa.

Estudos científicos indicam que as bagas do sabugueiro possuem compostos que estimulam o sistema imunológico. Pesquisas clínicas mostram que o uso do xarope da planta pode reduzir o tempo de recuperação de sintomas gripais.

Com alta demanda no mercado internacional e oferta limitada, o sabugueiro representa uma oportunidade para produtores brasileiros, especialmente em regiões de clima mais frio.

Outros superalimentos brasileiros

Além do açaí, da castanha e do sabugueiro, o Brasil abriga outros alimentos de alto valor nutricional. O camu-camu é conhecido pela altíssima concentração de vitamina C. O cupuaçu se destaca pelos antioxidantes presentes na polpa e nas sementes, muito usadas pela indústria cosmética. Já o guaraná é fonte natural de cafeína, enquanto o buriti é rico em vitamina A e betacaroteno.

Esses alimentos reforçam o potencial do país como fornecedor global de produtos naturais associados à saúde e ao bem-estar.

Produção sustentável fortalece economia e preserva a floresta

A valorização dos superalimentos também impulsiona práticas sustentáveis. A cadeia produtiva da castanha e do açaí envolve milhares de famílias e contribui para a manutenção da floresta em pé. O extrativismo responsável gera renda, armazena carbono e ajuda na regulação do clima.

Especialistas recomendam que esses alimentos façam parte de uma alimentação equilibrada, sendo incluídos em preparações simples do dia a dia. A escolha por produtos de qualidade e processos que preservem os nutrientes também é fundamental.

Combinando tradição, ciência e sustentabilidade, o Brasil se consolida como protagonista no mercado de superalimentos, transformando sua biodiversidade em oportunidade econômica e aliada da conservação ambiental.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação Duo, FBK, Gira e Viver.

Ouvindo...