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Embrapa lança novo mapa de erodibilidade dos solos do Brasil

Documento auxilia a implementação de políticas públicas e a adoção de práticas de conservação de solo e água

Erosão hídrica é um dos principais fatores de degradação das terras em escala global

A Embrapa lançou uma nova versão do mapa de erodibilidade dos solos do Brasil que mostra a capacidade do terreno de resistir ao desgaste provocado pela água da chuva. A erosão hídrica é um dos principais fatores de degradação das terras em escala global, por isso, estimar a sua ocorrência permite a implementação de políticas públicas de controle da questão por meio do fomento e da adoção de práticas de conservação de solo e água.

A erodibilidade dos solos é influenciada, exclusivamente, pelos chamados atributos intrínsecos do solo, como a composição granulométrica, estrutura, conteúdo de carbono orgânico na camada superficial, permeabilidade, profundidade efetiva do solo e a presença ou ausência de camada compactada e pedregosidade. Para a elaboração do mapa de erodibilidade dos solos do Brasil, não foram considerados os fatores extrínsecos aos solos, como clima, relevo e cobertura vegetal.

O novo mapa é compatível para usos em nível estadual ou de grandes bacias hidrográficas. Nele, os solos de todo o país foram classificados, a partir de uma avaliação semiquantitativa, quanto à sua erodibilidade em seis classes: muito baixa, baixa, média, alta, muito alta e extremamente alta, sendo que cada classe está relacionada a um intervalo de valores correspondentes ao índice de erodibilidade do solo chamado de fator K.

Segundo o pesquisador da Embrapa Solos (RJ), Maurício Rizzato, o novo mapa tem potencial para ser utilizado em diversos estudos pela comunidade acadêmica, além de apoiar a implementação de políticas públicas, especialmente na seleção de microbacias hidrográficas em nível estadual ou regional. “Muitos programas estaduais de conservação de solo desenvolvidos no País levaram em consideração a suscetibilidade do solo à erosão hídrica a fim de selecionar áreas prioritárias para ações de conservação e recuperação dos solos”, explica.

Mapa de erodibilidade dos solos do Brasil

De acordo com ele, os dados que deram suporte à elaboração do mapa são oriundos de levantamentos pedológicos publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O mapa de erodibilidade e suas respectivas informações técnicas estão disponíveis para consulta pública na plataforma da Infraestrutura de Dados Espaciais da Embrapa (GeoInfo). Os dados são apresentados por meio de um sistema de informações geográficas (SigWeb).

Metodologia

A equipe utilizou para o estudo a interpretação especialista das 8.143 unidades de mapeamento de solos (UMs) do Mapa de Solos do Brasil do IBGE, publicado na escala 1:250.000 e lançado em 2018, atribuindo valores de 1 a 6 para cada componente das UMs.

“Esses valores representam a suscetibilidade dos solos à erosão hídrica, sendo que o valor 1 corresponde à classe de suscetibilidade muito baixa, e os demais valores às classes, baixa, média, alta, muito alta e extremamente alta, respectivamente. Foram avaliados até o quarto componente de cada ‘UM’, quando presentes, calculando-se a média ponderada de seus valores”, detalha Rizzato.

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A partir do estudo, foi possível concluir que os solos do Brasil se enquadram na classe de erodibilidade média, e que a Região Nordeste possui solos mais suscetíveis à erosão. A equipe aponta, ainda, que áreas expressivas de solos de elevada erodibilidade também ocorrem no Acre, estendendo-se para as cercanias do estado do Amazonas, em solos com elevados conteúdos de silte.

*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.