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Roupas descartadas por marcas britânicas são encontradas em áreas protegidas de Gana

Investigação revela que 57 mil toneladas de resíduos têxteis do Reino Unido foram enviadas ao país africano apenas em 2024; boa parte acaba em áreas ecologicamente sensíveis, gerando impactos ambientais e sociais graves

Uma investigação realizada pelo Unearthed, braço jornalístico do Greenpeace, em parceria com o Greenpeace África, revelou que roupas descartadas por grandes marcas do Reino Unido, como Marks & Spencer, George at Asda, Next, Zara, H&M e Primark, estão sendo despejadas ilegalmente em áreas de preservação ambiental de Gana. “Este desastre não é só uma advertência, também é uma oportunidade para repensar o modelo de produção e consumo têxtil”, dizem os autores do estudo, publicado pelo site Infobae.

Somente em 2024, o Reino Unido exportou cerca de 57 mil toneladas de resíduos têxteis para Gana - o maior volume já registrado. Aproximadamente 40% das peças não podem ser reutilizadas nem revendidas, sendo abandonadas em lixões improvisados, inclusive em áreas protegidas como o Sítio Ramsar do Delta do Densu, nas proximidades da capital, Acra.

Esse ecossistema abriga manguezais, marismas e espécies ameaçadas, como a tartaruga olivácea e aves aquáticas migratórias. Os moradores locais relatam queda na pesca, alteração na cor e no cheiro da água e roupas presas em redes de pesca. “A sustentabilidade não é uma opção, é uma urgência”, reforça o relatório.

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A situação se agravou após o colapso do aterro sanitário de Kpone, construído com recursos do Banco Mundial. Em 2019, um incêndio causado por resíduos sintéticos durou oito meses. Atualmente, os resíduos são despejados sem qualquer controle ambiental. O Greenpeace África identificou que 90% do material contém fibras sintéticas como poliéster e nylon, que liberam microplásticos e substâncias tóxicas, como PFAS.

Entre os efeitos estão riscos à saúde humana, alterações hormonais e contaminação de organismos aquáticos. A queima irregular de roupas piora a qualidade do ar e aumenta a exposição da população a partículas tóxicas.

A investigação defende medidas urgentes para responsabilizar as marcas, incentivar modelos de economia circular e adotar tecnologias como reciclagem avançada, produção com energia renovável e rastreamento com blockchain. “As marcas, os governos e os consumidores devem agir agora”, concluem os autores.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação FBK e Viver.