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Nova pílula experimental traz esperança contra o câncer de pâncreas

Medicamento recebeu aprovação nos EUA após resultados promissores em pacientes e pode dobrar o tempo médio de sobrevivência

Uma nova pílula experimental está gerando otimismo entre médicos e pacientes no combate ao câncer de pâncreas, um dos tipos mais agressivos e com menor taxa de sobrevivência no mundo. O medicamento, chamado daraxonrasibe, reduziu significativamente tumores em testes iniciais e acaba de receber da FDA (agência dos EUA similar à Anvisa) uma designação especial de “revisão acelerada”, que pode antecipar sua chegada ao mercado.

De acordo com o jornal americano The Washington Post, a aposentada Debby Orcutt, de 69 anos, diagnosticada com câncer de pâncreas em estágio avançado, foi uma das primeiras voluntárias do estudo. Segundo exames recentes, o tumor dela diminuiu 64% desde janeiro, quando começou o tratamento. Hoje, ela diz se sentir bem e faz planos para as festas de fim de ano, segundo o periódico.

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Nos testes clínicos, o daraxonrasibe mostrou bons resultados. Em um grupo de 83 pacientes, 29% apresentaram redução do tumor e mais de 90% conseguiram interromper o avanço da doença. A mediana de sobrevivência foi de 15,6 meses, o dobro do tempo alcançado com os tratamentos convencionais. A Revolution Medicines, que criou o medicamento, prevê divulgar novos dados em 2026, após a conclusão de uma pesquisa com 460 pessoas.

O fármaco age bloqueando mutações genéticas conhecidas como RAS, responsáveis por estimular o crescimento das células cancerígenas. Essa abordagem, antes considerada impossível, surpreendeu os cientistas ao reduzir tumores sem causar alta toxicidade. Especialistas ouvidos pelo Washington Post afirmam que o remédio pode representar um divisor de águas no tratamento do câncer de pâncreas, que atualmente tem apenas 13% de taxa de sobrevivência em cinco anos.

Apesar do entusiasmo, pesquisadores enfatizam que o medicamento não é uma cura, e ainda apresenta efeitos colaterais relevantes, como erupções na pele e reações graves em alguns pacientes. “O daraxonrasibe parece ser a base sobre a qual poderemos construir tratamentos realmente eficazes”, resumiu o oncologista Brian Wolpin, do Dana-Farber Cancer Institute, ao jornal americano.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação Duo, FBK, Gira e Viver.