A
Segundo informações divulgadas pelo jornal Le Parisien, a empresa justificou o fechamento pelas perdas estruturais registradas nas duas lojas, apesar do alto volume de vendas. Cada unidade realizou cerca de 600 mil operações comerciais ao longo de 2024.
O encerramento está previsto para abril de 2026, no caso de Rosa Parks, e outubro do mesmo ano, no de Daumesnil. Com aproximadamente 6 mil metros quadrados cada, essas lojas seguem o modelo tradicional de grandes superfícies que a Leroy Merlin agora pretende reduzir. As unidades de Beaubourg e Madeleine permanecerão abertas e devem passar por reformas.
Rede aposta em lojas menores e mais especializadas
De acordo com a sucursal espanhola do Huffington Post, o movimento faz parte de uma mudança de estratégia. A Leroy Merlin tem investido em lojas de pequeno porte, entre 100 e 250 metros quadrados, focadas em segmentos específicos como cozinha, banheiro e itens para casa. O modelo vem sendo testado há dois anos em três unidades no 15º distrito e em outra em Boulogne-Billancourt.
Segundo o diretor regional em Paris, Loïc Porry, os consumidores buscam mais proximidade e flexibilidade. Ele adiantou que a rede abrirá três novas lojas compactas em 2026, nos distritos 13 e 14, e que o objetivo é alcançar 20 pontos de venda desse tipo até 2030. Nove entre dez clientes das lojas-piloto moram a menos de 1,5 quilômetro de distância, um indicador considerado essencial para expandir esse formato também em outras grandes cidades francesas.
Outras redes, como Castorama e Decathlon, seguem a mesma tendência em resposta ao aumento dos custos e aos novos hábitos de consumo, marcados pela busca por rapidez e conveniência.
271 trabalhadores vivem incerteza sobre o futuro
O impacto mais imediato do anúncio recai sobre os 271 funcionários das duas lojas que serão fechadas. A Leroy Merlin afirma que pretende realocar todos eles para outras unidades da região metropolitana de Paris, que conta com 26 centros da rede. “O objetivo é oferecer um novo posto a todo o pessoal”, garantiu Porry.
No entanto, representantes sindicais demonstraram preocupação. A Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT) alertou que, caso um funcionário recuse a proposta de transferência, existe o risco de demissão por motivo disciplinar. A empresa nega essa possibilidade.
Entre os trabalhadores, o clima é de apreensão. Um funcionário da loja de Daumesnil relatou ao Le Parisien que a notícia foi um choque para quem está na empresa há muitos anos. Outros afirmam que o aluguel elevado dificultava a rentabilidade, embora a loja funcionasse como vitrine da marca.
Comerciantes da região temem perda de fluxo de clientes. Um café em frente à loja de Daumesnil afirmou que dez funcionários da Leroy Merlin almoçam ali diariamente. Moradores também demonstram preocupação com a possível queda da atividade comercial e com o risco de degradação urbana no entorno.
Prefeitura cobra explicações e sindicatos pedem auditoria
A prefeitura de Paris exige transparência total sobre os impactos da decisão. O vice-prefeito responsável pelo comércio, Nicolas Bonnet Oulaldj, afirmou que o fechamento ameaça centenas de empregos e enfraquece o comércio em bairros já fragilizados. Ele pediu participação na avaliação dos efeitos sociais e urbanos da medida.
Sindicatos solicitaram uma auditoria independente e acionaram um procedimento de alerta sobre a saúde e a segurança dos trabalhadores. Ainda há dúvidas sobre o alcance real da reestruturação. Representantes temem que outros fechamentos possam ocorrer no futuro caso lojas semelhantes também apresentem baixa rentabilidade.
Ainda segundo o Huffington Post espanhol, a decisão da Leroy Merlin reflete um cenário mais amplo: grandes redes estão se afastando dos centros urbanos por causa dos altos custos de operação e da preferência crescente do consumidor por lojas menores e próximas.