Ouvindo...

Níveis elevados de ácido úrico podem levar ao câncer renal?

Concentrações excessivas de ácido úrico podem prejudicar os rins e estar associadas a certos tipos de câncer

O excesso de ácido úrico pode comprometer o funcionamento dos rins

Níveis elevados de ácido úrico no sangue, condição conhecida como hiperuricemia, são responsáveis por problemas como cálculos renais e crises de gota. Ainda que não sejam consideradas causas diretas de doenças renais crônicas, a hiperuricemia pode agravar quadros já existentes.

Em situações extremas, por exemplo, em pacientes submetidos à quimioterapia, a rápida destruição celular provoca liberação massiva de ácido úrico, capaz de desencadear insuficiência renal aguda.

O que é hiperuricemia?

Hiperuricemia ocorre quando o organismo produz ácido úrico em quantidade superior à capacidade de excreção pelos rins. Originado da degradação de purinas (compostos presentes em carnes vermelhas, frutos do mar, bebidas alcoólicas e legumes), o ácido úrico é normalmente dissolvido no sangue e eliminado pela urina.

Quando seu nível se eleva demais, fala‑se em hiperuricemia, condição que, embora não gere câncer renal por si só, está associada ao comprometimento da função renal, criando um ciclo no qual a redução da filtração pelos rins aumenta ainda mais a retenção de ácido úrico.

Quão perigoso é o ácido úrico alto?

De acordo com o médico Upal Sengupta, diretor de Nefrologia do hospital Fortis Anandapur, na Índia, quando os níveis de ácido úrico no sangue estão muito altos, especialmente após tratamentos de quimioterapia em casos de câncer, a destruição rápida das células libera grandes quantidades de substâncias que se transformam em ácido úrico

Esse excesso pode se acumular nos rins, causando inflamação e até uma falha temporária no funcionamento renal. Apesar de ser uma situação pouco comum, é muito importante acompanhar os níveis de ácido úrico em pacientes com câncer, além de manter uma boa hidratação e ajustar os medicamentos para proteger os rins.

Leia também

Cálculos renais

A formação de cálculos de ácido úrico nos rins é outro desdobramento comum da hiperuricemia. Quando a concentração de ácido úrico na urina ultrapassa o limite de solubilidade, ele cristaliza e forma pedras, muitas vezes associadas a dores intensas no flanco e à necessidade de intervenção clínica.

Pacientes diabéticos, cujos níveis de ácido úrico e glicose no sangue costumam ser mais elevados, apresentam risco ainda maior de desenvolver esses cristais, que, se não tratados, podem obstruir o trato urinário e acelerar a perda da função renal.

Insuficiência renal acelerada

Em indivíduos com doença renal pré‑existente, mesmo um aumento leve do ácido úrico pode piorar o funcionamento dos rins. O excesso dessa substância pode causar inflamação e danos nos tecidos renais, fazendo a doença avançar mais rápido.

Gota

A gota é caracterizada pelo depósito de cristais de urato monosódico nas articulações, gerando episódios de dor excruciante, edema e vermelhidão. A gota é mais comum em pessoas que têm problemas nos rins, diabetes ou que costumam comer muita comida rica em purinas, como fígado e outras vísceras. Em muitos casos, quem tem gota precisa tomar remédios para aliviar a dor, mas o uso frequente desses medicamentos pode acabar prejudicando ainda mais os rins e, em alguns casos, causar falha no funcionamento renal.

Possível ligação com câncer

Pesquisas recentes do National Institutes of Health (NIH) sugerem uma possível relação entre níveis elevados de ácido úrico e certos tipos de câncer, principalmente entre mulheres. Estudos preliminares apontam associação entre hiperuricemia e maior incidência de câncer de mama, câncer renal e neoplasias do trato urinário no público feminino.

Embora os resultados ainda não sejam conclusivos, levantam a hipótese de que o ácido úrico possa influenciar processos inflamatórios e proliferativos associados ao desenvolvimento tumoral.

Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente, é repórter multimídia no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Antes passou pela TV Alterosa. Escreve, em colaboração com a Itatiaia, nas editorias de entretenimento e variedades.